São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Ministro diz que não recuou

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, nega que a permissão para os Estados arcarem com o custo do ensino religioso seja um recuo em suas posições.
"É um reconhecimento da realidade que existe no país. Pelo menos 20 Estados já remuneram o ensino religioso", afirma.
Segundo ele, os Estados como São Paulo, que atualmente não pagam o ensino religioso, terão liberdade para decidir a respeito.
Apesar da negativa ministerial, a decisão revela o poder do lobby da Igreja Católica e, mais especificamente, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
A mudança de ontem constitui a primeira emenda à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, aprovada há menos de um ano. O texto original, embora negociado, refletia a política do PSDB para a área: "Sem ônus para o Estado".
No lobby católico, unem-se esquerda e direita no discurso de que a religião traz uma dimensão moral e ética para as escolas. O fato é que a Igreja Católica está hoje mais organizada do que as outras para consumir esses recursos públicos.
A legislação aprovada propõe o ensino ecumênico (que engloba as várias religiões), e não confessional (que prega uma confissão).
O principal questionamento feito por lideranças judaicas e muçulmanas, entre outras, é que, se já é difícil encontrar um professor bem formado na história de uma única religião, será quase impossível achar um bom ecumênico.

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