São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997 |
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LULA E A MULHER DE CÉSAR Lula foi inocentado pela comissão de sindicância do PT encarregada de apurar as denúncias de irregularidades envolvendo prefeituras do partido. Quanto a isso, o desfecho era previsível. Para uma avaliação mais neutra será preciso esperar a conclusão das investigações do Ministério Público -que aliás envolvem muitos municípios, administrados por diversos partidos. O relatório petista sugere punições tanto a Paulo de Tarso Venceslau, que teria acusado Lula de conivência sem ter provas, como a Roberto Teixeira, que supostamente defendera os interesses da Cpem (Consultoria para Empresas e Municípios) junto à Prefeitura de São José dos Campos. Nesse ponto, mesmo que, como parece, Lula não esteja envolvido em qualquer tipo de favorecimento, o caso deixa resíduos sobre sua imagem. Afinal, Teixeira é amigo de Lula e empresta a casa onde ele vive com a família. Nessa situação, qualquer suspeita no relacionamento de Teixeira com o PT pode -com ou sem razão- afetar a imagem de Lula. Como diz o velho ditado, para a mulher de César não basta ser honesta, é preciso também parecer honesta. No caso de um partido que empunha com veemência a bandeira da ética, o desgaste da figura de seu presidente de honra foi inevitável. Mesmo considerando a origem operária do líder petista e o padrão de classe média com que ele vive até hoje, parece inadequado que um homem público com a projeção de Lula resida em uma casa emprestada por alguém que pode ter interesses em administrações petistas. A comissão de ética do PT, de todo modo, não parece ter outras preocupações se não a de salvar a imagem do presidente de honra do partido. Texto Anterior: O BOBO E A CORTE Próximo Texto: Da sauna ao divã Índice |
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