São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 1997
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Da sauna ao divã

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Eliane Cantanhêde matou a charada na sua coluna de ontem: o que o ministro Sérgio Motta (Comunicações) disse é "um amontoado de puras verdades".
Verdades que revelam a natureza do reinado tucano.
Serjão diz que a aliança com o PFL não teve qualquer conteúdo programático. Foi feita apenas para angariar votinhos no Nordeste, região em que o partido é forte.
Antigamente, tal comportamento seria chamado de oportunista.
Serjão diz que os ministros que o PMDB emplacou servem apenas para que o governo tente conseguir uns votos no Congresso. O que é isso se não "o é dando que se recebe", cunhado por Roberto Cardoso Alves, já morto, no governo Sarney?
Única diferença: quando Robertão pronunciou a frase, foi um deus-nos-acuda, até ou principalmente por parte dos hoje tucanos. Na boca de Serjão, não escandaliza.
Serjão diz que ninguém sabe quem é o presidente dos Correios, subordinado a ele, mas indicado por Esperidião Amin, presidente nacional do PPB. Antes de os tucanos assumirem, esse tipo de comportamento levava o rótulo de fisiologia. Agora, já não sei como se chama, posto que o rei dos tucanos jura que a fisiologia acabou.
Serjão diz ainda que as ausências de Pedro Malan (Fazenda) e Luiz Carlos Bresser Pereira (Administração e Reforma do Estado) preenchem uma lacuna. Como ninguém se demitiu nem foi demitido, só se pode deduzir que a alta administração do tucanato é a mais perfeita esculhambação.
Serjão diz, por fim, que a reforma da Previdência pode ficar para mais tarde, porque não tem a menor urgência. O ministro da Previdência só pode ser chamado de mentiroso, porque dizia exatamente o contrário.
A maneira piedosa de encarar os fatos seria dizer que Serjão pôs para dormir o seu superego, o anjo da guarda da mente. A outra seria dizer o que Eliane disse ontem. Prefiro esta.

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