São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Para abafar manifestação, governo paga atrasados

DA AGÊNCIA FOLHA; DO ENVIADO ESPECIAL A MACEIÓ; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo de Alagoas paga hoje pelo menos 1 dos mais de 6 salários atrasados dos 11.881 policiais civis e militares do Estado na tentativa de esvaziar a manifestação programada contra o governo federal.
Outro objetivo do pagamento, considerado "migalha" pelos sindicalistas, é pôr fim à paralisação das duas polícias, que afeta 2,7 milhões de alagoanos.
Temendo novo confronto com os manifestantes, o Exército divulgou nota oficial ontem à noite recomendando que os participantes ajam "dentro da lei" e não tentem ultrapassar as barreiras montadas pelas tropas.
A nota diz que os prédios públicos estarão "protegidos por rede de arame farpado e outros obstáculos que oferecem perigo a quem deles se aproximar, podendo causar ferimentos graves aos que tentarem ultrapassá-los". Nas cercas de arame farpado foram colocadas placas com dizeres ameaçadores, como "Risco de vida!".
O comandante das tropas em Alagoas, general Hélio Seabra Monteiro de Barros, pediu que os policiais participem do ato sem armas. O protesto termina na praça D. Pedro 2º, onde na quinta-feira passada 15 mil servidores entraram em confronto com o Exército.
Salários
O pagamento será feito nas 26 agências da Caixa Econômica Federal no Estado. O pagamento está ameaçado pela falta de segurança nas agências da CEF, que informou que o suspenderá se Exército ou PM não fizerem a segurança das agências.
A CEF afirmou que o pagamento, se feito, será escalonado por falta de estrutura. O total utilizado para o pagamento -R$ 40 milhões- representa 16% dos salários atrasados. O dinheiro vem de antecipação da privatização de estatais do Estado.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, disse ontem que Alagoas receberá outros R$ 86 milhões até o dia 15 de agosto. A partir dessa data, o Tesouro irá repassar mensalmente até R$ 10 milhões para completar o pagamento das despesas mensais do Estado com pessoal.
O acordo de Alagoas com o governo federal prevê que o Tesouro Nacional ajude o Estado a pagar o salário de seus servidores públicos até dezembro de 1998.
Os gastos do Executivo com pessoal representam 58% da receita mensal média do Estado: R$ 60 milhões. A liberação dos R$ 86 milhões será feita somente depois que os presidentes do Tribunal de Justiça e da Assembléia Legislativa ratificarem o acordo firmado ontem com o governador interino Manoel Gomes de Barros.

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