São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Brasileiros comem menos arroz e feijão

ISABEL VERSIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os brasileiros estão comendo menos arroz e feijão hoje do que antes do Plano Real. É o que mostra um estudo preparado pelo PT, com base em dados do próprio governo, divulgado ontem na Câmara dos Deputados.
A demanda por feijão nos últimos anos caiu tanto em temos absolutos quanto na comparação per capita. De 1995 a 1997, o consumo total passou de 3,3 milhões para 3,25 milhões de toneladas.
"Essa queda do consumo de alimentos básicos não pode ser justificada por um aumento de demanda por iogurte e frango, que são produtos muito caros para a maior parte da população", afirmou o deputado Alcides Modesto (PT-BA), que apresentou o estudo.
A pesquisa aponta também uma redução de 4,1 milhões de hectares em área plantada no país nos últimos dois anos.
Partindo do princípio de que a média de absorção de emprego na agricultura é de 15 trabalhadores por hectare, a conclusão da pesquisa é que 850 mil postos de trabalho foram eliminados no período nesse setor da economia.
O estudo critica ainda as condições do crédito agrícola, argumentando que, do total de R$ 8,5 bilhões de financiamento anunciados pelo governo para a safra 1997/1998, apenas R$ 4,5 bilhões chegarão, de fato, às mãos dos agricultores.
As principais dificuldades apontadas para a obtenção do crédito são, além dos altos custos, o aumento dos limites de financiamento, que acirraria a concorrência por recursos em detrimento dos pequenos produtores.
Além disso, como este ano foi liberado o financiamento também para a pecuária, o estudo prevê uma diminuição de cerca de R$ 1,5 bilhão dos recursos destinados exclusivamente para a agricultura.
Por fim, o estudo minimiza o entusiasmo do governo com o superávit agrícola de US$ 8,4 bilhões registrado em 1996, lembrando que o volume é US$ 2,3 bilhões inferior à média do superávit comercial registrado entre 1978 e 1989.
A Folha procurou a assessoria do Ministério da Agricultura para comentar os dados da pesquisa, mas não obteve resposta.

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