São Paulo, sexta-feira, 25 de julho de 1997
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Torcedor reclama pouco os seus direitos

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Os torcedores paulistas ainda não se descobriram como "consumidores conscientes".
Segundo o Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor), o número de reclamações vindas dos aficionados de futebol é muito baixo e praticamente nenhuma exige medida punitiva.
Nos últimos três anos, apenas uma reclamação, relativa à falta de bilhetes de meia-entrada para estudantes, foi motivo de ato fiscalizatório do órgão. O Procon chegou a lavrar um auto de infração contra a Federação Paulista de Futebol, e as reclamações sumiram.
Apesar de serem normais as situações em que o consumidor-torcedor poderia recorrer ao Procon (leia texto ao lado), a indignação parece cessar após os xingamentos na própria porta do estádio.
Uma partida que é adiada em cima da hora, venda de ingressos além da capacidade do estádio, interrupção de uma partida por problemas no campo -são alguns motivos para que o torcedor pleiteie algum tipo de reparação por parte dos promotores esportivos.
"Quando essas coisas acontecem, tenho certeza de que o torcedor tem o sentimento de ter sido lesado. Mas falta o estímulo à cidadania, que é algo que compete à sociedade", diz o diretor de Programas Especiais do Procon-SP, Ricardo Morishita Wada, 28.
Wada considera que a informação é a melhor maneira de evitar abusos dos fornecedores.
"Importa muito mais prevenir o dano do que reparar. Nos preocupamos em orientar o consumidor a procurar informações e a saber dos seus direitos", diz.
O baixo nível técnico de alguns jogos, quesito que certamente revolta legiões de torcedores, não pode, entretanto, ser reclamado a órgãos de defesa do consumidor.
"A qualidade do futebol apresentado não caracteriza uma relação de consumo. Isso diz respeito à natureza aleatória da probabilidade", explica Wada, um corintiano roxo que fica indignado quando vai a campo e assiste a um espetáculo de caneladas do seu time.

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