São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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MST assume líderes sem-teto

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

MST lidera marcha de sem-teto
Pelo menos dois líderes da marcha do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) foram "exportados" pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra).
A marcha dos sem-teto saiu de Campinas (99 km a noroeste de São Paulo) no domingo e chegou ontem às 17h20 à avenida Paulista.
A caminhada foi liderada por Daniel Costa, 26, que também foi um dos coordenadores da Marcha Nacional por Emprego, Justiça e Reforma Agrária, do MST, que saiu de São Paulo e chegou a Brasília no último mês de abril.
Além de Costa, outro integrante do MST levou sua experiência em caminhadas para ajudar na coordenação da marcha dos sem-teto.
Campo e cidade
Segundo Costa, sua presença com os sem-teto faz parte de uma decisão do MST de "ir para as cidades organizar os trabalhadores que foram expulsos do campo".
Ainda segundo ele, os sem-teto "têm crescido muito nos últimos anos, mas de forma desordenada". Costa considera que o movimento "precisa deixar de ser municipalizado e ganhar caráter nacional".
O ex-integrante do MST afirmou que trocou sua barraca em um acampamento do grupo na região do Pontal do Paranapanema (oeste paulista) por um terreno invadido na periferia de Campinas.
Na mesma linha de Costa, Gilmar Mauro, da direção nacional do MST, diz que os sem-teto são "municipalizados" e deveriam ter uma coordenação nacional.
Mauro nega que o MST esteja "exportando" lideranças para outros movimentos. "O Daniel tem origem urbana, e ele apenas voltou para organizar um movimento mais ligado às suas raízes", disse.
CEBs
A marcha dos sem-teto de Campinas reuniu cerca de 800 pessoas. Segundo o movimento, existem 350 mil pessoas sem local para morar na cidade.
Os sem-teto chegaram a São Paulo pela rodovia Anhanguera. Passaram pelas avenidas Cerro Corá e Heitor Penteado (zona oeste) e se encontraram com a marcha do MST no final da avenida Paulista. O grupo almoçou na paróquia Dom Bosco, no Alto da Lapa.
Em Campinas, a organização do MTST era coordenada pela Igreja Católica. A maior parte de seus integrantes participa das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base).

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