São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997 |
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Policiais aprendem a falar em público
BETINA BERNARDES
Nas ruas, eles agradeciam os cumprimentos dos moradores que acenavam debruçados nas janelas dos prédios por que passavam. Aos jornalistas, diziam que eram amigos da imprensa e que dariam toda colaboração, mas puxaram a câmera de um fotógrafo que confundiram com um "espião" da P-2, serviço reservado da PM. O microfone do carro de som cedido pela Prefeitura de Goiânia, do PSDB, foi o alvo mais disputado pelos PMs, pensionistas e aposentados da corporação. Em fila, eles esperavam pacientemente pela vez de falar. O soldado Esteves, do batalhão de choque, foi um dos mais aplaudidos. Articulado, participando pela primeira vez desse tipo de protesto no lugar do manifestante, ele se tornou um dos mais assíduos frequentadores do microfone. "Eu encaro vagabundo todos os dias e troco tiro com bandido, vou ter medo de defender meus direitos e tirar meu nome do uniforme para me esconder?", dizia Esteves. Após os aplausos e gritos de aprovação, ele saiu do microfone sorrindo e recebendo tapinhas nas costas, o que o estimulou a repetir diversas vezes a dose no segundo e último dia de paralisação. Outro a se destacar e assumir papel de líder foi o soldado Edvaldo, que veio em um comboio formado por nove ônibus procedentes do interior do Estado. Servindo em Luziânia, o policial era um dos que tentavam organizar o movimento, marcado pela falta de líderes. Quase sempre era ele quem tomava a iniciativa de colocar em votação as propostas apresentadas pela comissão negociadora e pelo governo. Após ter sido rejeitada na assembléia a proposta de R$ 125 de abono para cabos, soldados e sargentos, ele passou a articular uma gratificação de R$ 200. Texto Anterior: Manifestantes protestam contra Suruagy Próximo Texto: Sem-terra queimam boneco de ministro Índice |
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