São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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'Esse pessoal teimoso, do contra, deveria guardar sua bílis', diz FHC

EMANUEL NERI
ENVIADO ESPECIAL A CORUMBÁ

Alvo de manifestações durante sua visita à cidade de Corumbá (MS), o presidente Fernando Henrique Cardoso condenou o que ele chamou de atos de "desordem" no país. "A população brasileira não gosta de desordem", disse.
"Manifestação com tranquilidade é uma coisa", afirmou. "Mas tem que se manifestar com algum objetivo. Quando o objetivo é o de fazer desordem, isso atrapalha. Atrapalha a democracia e não é bom para os objetivos políticos."
FHC disse não ter notado as manifestações da CUT e do MST durante sua passagem por Corumbá. "Manifestação? Aqui não houve. Eu não vi nenhuma", afirmou. Suas críticas referiam-se a protestos em outros pontos do país.
Mas houve manifestação durante a passagem de FHC por Corumbá. A Polícia Militar afirmou que havia cerca de mil manifestantes. Por causa dos protestos, FHC alterou seu roteiro na cidade.
FHC chegou a Corumbá às 9h30 (10h30 em Brasília). Para evitar encontros com os manifestantes, sua comitiva saiu por um portão lateral do aeroporto. Mais tarde, fez novo desvio ao visitar o Clube Corumbaense, centro da cidade.
No aeroporto, antes de viajar para São Paulo, FHC se queixou dos protestos que estão ocorrendo no país. "Acho que temos que fazer um apelo para a ordem", afirmou. "Isso não quer dizer a inexistência de manifestações", disse.
"Tem que se manifestar. Mas em favor do quê? Só contra? Por que só contra? Assim não dá", afirmou. "Nós estamos fazendo tanta coisa boa no Brasil. O país está crescendo. Tem uma vitalidade imensa. Cresce por todos os lados", disse.
O presidente culpou a oposição pela série de protestos que vêm ocorrendo no país. "Esse pessoal que é teimoso, que é do contra, deveria guardar sua bílis e sua raiva dentro de casa", declarou FHC.
Durante sua passagem por Corumbá e Puerto Suarez, FHC fez discursos técnicos. Falou sobre o gasoduto que ligará "umbilicalmente" a Bolívia ao Brasil. O gasoduto custará R$ 2 bilhões e deverá estar concluído no final de 1999.
FHC também falou sobre o Projeto Pantanal, que terá R$ 400 milhões de investimento. Trata-se de obras de saneamento e infra-estrutura turística. FHC disse que perdeu o medo de ficar ao lado de jacarés. "Perdoem a expressão, mas jacaré é quase humano. É até melhor que os humanos, pois é mais dócil", declarou.
FHC viajou a Corumbá e a Puerto Suarez acompanhado dos ex-presidentes Itamar Franco e José Sarney. No avião, os três conversaram o tempo todo na cabine presidencial. Mas FHC negou que o assunto da conversa tenha sido sucessão presidencial.

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