São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Portador volta a trabalhar e estudar

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos três anos, Jorge Elias de Souza Osório, 37, teve duas toxoplasmoses, duas pneumonias e várias gripes, tudo em decorrência do vírus HIV. Seu estado era tão crítico que ele afirma que, no ano passado, não conseguia levantar da cama.
Há quatro meses, Osório começou a tomar o "coquetel", e todas as infecções passaram. "Voltei a viver. Estou trabalhando e retomei meus estudos."
Desempregado, Osório começou a trabalhar em uma casa de ajuda a portadores do vírus e se matriculou no 3º primário no supletivo de uma escola pública. "Adoro estudar. Participo de festas e todas as atividades. O bom é que agora tenho disposição para isso", afirma.
Osório é homossexual e afirma que ficou sabendo que tinha o vírus em 1992. "Sempre gostei de meninos e acho que foi assim que peguei a doença, porque nunca usei camisinha", diz.

Viaduto do Chá Dois anos depois de fazer o teste, Osório afirma que começou a ficar "muito triste porque achava que ia morrer". "Pensei em me jogar do viaduto do Chá duas vezes. Ainda bem que mudei de idéia", afirma.
Osório conta que ele tem um namorado e que sempre usa camisinha. "A Aids não vem escrita na testa. Por isso, a gente tem que se prevenir. É isso que falo para todo mundo."
A única coisa que incomoda Osório hoje é a grande quantidade de medicamentos que é obrigado a tomar por dia. São cerca de 42 comprimidos diferentes. "Uns a gente tem que colocar na geladeira e tomar sem comer, outros não. É um inferno."
Ele afirma que, apesar da grande quantidade de drogas, não teve grandes problemas de rejeição aos medicamentos.
"No início tive dor de estômago, mas depois de uma semana passou. Hoje, os remédios não me fazem mal." (LM)

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