São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Gelo deve ter caído do espaço, diz Unicamp

DA FOLHA CAMPINAS

A hipótese mais provável para explicar a queda dos blocos de gelo na região de Campinas (99 km de São Paulo) nos dias 11 e 15 é a que eles vieram do espaço.
A conclusão consta do relatório preliminar da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), divulgado ontem.
O relatório -feito pelo Instituto de Química da universidade- aponta a predominância de água (H2O) na composição química do bloco de gelo.
Na água não foram encontradas partículas de insetos nem de terra que pudessem comprovar sua origem terrestre.
Nas duas amostras do líquido foram encontrados cálcio, ferro e cobre.
"A água na Terra pode ter a sua origem definida por meio de análises", disse Marcos Nogueira Eberlin, 38, professor da Central Analítica do Instituto de Química da Unicamp.
Segundo Eberlin, com uma amostra de água é possível, por exemplo, distinguir o líquido vindo da cordilheira dos Andes da água do Oceano Atlântico.
A parte sólida dos blocos não mostra evidência de nenhum material orgânico.
Na composição química predominam substâncias inorgânicas, um carbonato provavelmente de cálcio (sólido branco) e um material sólido de cor escura, com predominância de ferro.
Não foram encontrados resíduos de contaminação radioativa no material recolhido.
O bloco de gelo que caiu em Campinas, no último dia 11, tinha 5 kg quando foi recolhido.
Meteorito
A hipótese de os blocos serem fragmentos de um meteorito não foi descartada. Os meteoritos são objetos rochosos ou metálicos vindos do espaço que caem na Terra.
"É uma questão de nomenclatura", disse Hilton Silveira Pinto, 56, diretor do Cepagri. Segundo ele, como não há registro de casos semelhantes no mundo, a sua definição ainda vai depender de estudos mais conclusivos.
"Isso é um fato insólito, que foge dos padrões normais", afirmou.
Novas análises serão feitas pela Unicamp, no Cena (Centro de Energia Nuclear na Agricultura) da USP (Universidade de São Paulo), em Piracicaba (170 km de São Paulo) e na Divisão de Química da Petrobrás. De acordo com o Cepagri, as amostras seriam enviadas ontem para a Petrobrás.
Outra hipótese foi levantada pelo astrônomo Nelson Travnik, 61, responsável pelos observatórios de Americana e de Piracicaba. Para Travnik, esses blocos podem ser partes do núcleo de um cometa em formação.

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