São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Oficiais da Juta podem ser acusados

DA REPORTAGEM LOCAL

Os oficiais da PM que chefiaram a operação de reintegração de posse na Fazenda da Juta, em São Mateus (zona sudeste de São Paulo), poderão ser denunciados por homicídio doloso.
"A conduta dos oficiais está sendo analisada. Alguns deles planejaram, colocaram em prática e comandaram a operação. Seria injusto só os soldados serem responsabilizados", disse o promotor Francisco José Tadei Cembranelli, do 4º Tribunal do Júri.
O Ministério Público está analisando a existência de um nexo entre a conduta dos oficiais e o resultado da operação -as mortes. "No momento oportuno irei me manifestar", disse Cembranelli.
Na próxima semana, ele apresentará a denúncia do caso. Sem coletes a prova de balas, escudos, bombas de gás e balas de borracha, os PMs enfrentaram os paus e as pedras dos invasores do conjunto de prédios com balas de revólveres em maio passado. A operação terminou na morte de três sem-teto.
Segundo o promotor, os soldados que foram os autores dos disparos contra os mortos e contra um sem-teto ferido serão denunciados por homicídio e pela lesão. Até ontem, dois soldados já haviam sido identificados.
O primeiro foi o soldado Rui Pinto da Silva, do 21º Batalhão, acusado de ser autor do disparo que matou o sem-teto Jurandir da Silva. O segundo acusado é o soldado Carlos Manoel Costa, do mesmo batalhão, que teria atirado no sem-teto Crispim José da Silva.
Os dois foram identificados por meio de exames de balística. Esses exames concluíram que as balas que estavam nos corpos das vítimas haviam sido disparadas pelos revólveres dos acusados.
O último a ser identificado foi o soldado Costa. Isso ocorreu após a exumação do corpo de Silva. Nela os peritos encontraram mais um projétil, o que permitiu conhecer a arma que o havia matado.
"Existem dúvidas, mas isso será resolvido", disse o promotor. Também na segunda-feira, o soldado Costa vai depor na Delegacia Seccional de São Mateus.

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