São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Estado confirma a tendência

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

Dados da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo mostram que, no ano passado, foram contaminados 5.203 homens e 1.972 mulheres. Como o balanço só será fechado no final do ano, ainda não é possível comparar com os números de 95, mas a tendência é que o número de homens infectados está caindo, e o de mulheres, subindo.
"Esses números mostram que existe uma dinâmica diferente entre homens e mulheres. Para homens, a doença já atingiu seu pico e está decrescente. Nas mulheres, existe um efeito contrário: está em crescimento acelerado", diz Artur Kalichman, coordenador do DST-Aids (o departamento de doenças infecto-contagiosas da Secretaria da Saúde).
E acrescenta: "A elevação da doença nas mulheres é tão grande que mesmo os efeitos do coquetel não são tão grandes".
O "coquetel" de drogas anti-HIV está sendo distribuído pelo governo do Estado desde novembro do ano passado.
O efeito das drogas, segundo os médicos, é exatamente o mesmo para os dois sexos: elas podem reduzir até níveis indetectáveis a quantidade do vírus no organismo e, com isso, aumentar a expectativa de vida do doente. O que estaria dando essa diferença na mortalidade é a velocidade com que o vírus atinge as mulheres.
Segundo Kalichman, o que mais preocupa é a contaminação fora dos grupos de risco.
"Essa aceleração entre as mulheres ocorre exatamente entre aquelas que são heterossexuais e têm um relacionamento fixo. O problema é que elas não estão preocupadas com a doença e acabam chegando aos serviços de saúde mais tarde", diz.
O infectologista Vicente Amato Neto concorda e afirma que o grande "vilão da história" hoje é o bissexual que não assume e mantém uma vida dupla.
"Muitas mulheres são contaminadas por seus maridos e não desconfiam porque, muitas vezes, eles são homens que mantêm relacionamentos secretos com outros homens e geralmente com comportamento de risco", afirma Amato Neto.
(LM)

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