São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997 |
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Estado confirma a tendência
LUCIA MARTINS
"Esses números mostram que existe uma dinâmica diferente entre homens e mulheres. Para homens, a doença já atingiu seu pico e está decrescente. Nas mulheres, existe um efeito contrário: está em crescimento acelerado", diz Artur Kalichman, coordenador do DST-Aids (o departamento de doenças infecto-contagiosas da Secretaria da Saúde). E acrescenta: "A elevação da doença nas mulheres é tão grande que mesmo os efeitos do coquetel não são tão grandes". O "coquetel" de drogas anti-HIV está sendo distribuído pelo governo do Estado desde novembro do ano passado. O efeito das drogas, segundo os médicos, é exatamente o mesmo para os dois sexos: elas podem reduzir até níveis indetectáveis a quantidade do vírus no organismo e, com isso, aumentar a expectativa de vida do doente. O que estaria dando essa diferença na mortalidade é a velocidade com que o vírus atinge as mulheres. Segundo Kalichman, o que mais preocupa é a contaminação fora dos grupos de risco. "Essa aceleração entre as mulheres ocorre exatamente entre aquelas que são heterossexuais e têm um relacionamento fixo. O problema é que elas não estão preocupadas com a doença e acabam chegando aos serviços de saúde mais tarde", diz. O infectologista Vicente Amato Neto concorda e afirma que o grande "vilão da história" hoje é o bissexual que não assume e mantém uma vida dupla. "Muitas mulheres são contaminadas por seus maridos e não desconfiam porque, muitas vezes, eles são homens que mantêm relacionamentos secretos com outros homens e geralmente com comportamento de risco", afirma Amato Neto. (LM) Texto Anterior: Recuo da epidemia da Aids é menor para as mulheres Próximo Texto: Reforma pontual torna código colcha de retalhos Índice |
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