São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Festival de Campos do Jordão tem hoje a noite mais esperada

Evento mostra Roberto Alagna e sua mulher, Angela Gheorghiu

IRINEU FRANCO PERPETUO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O tenor francês Roberto Alagna e sua mulher, a soprano romena Angela Gheorghiu, fazem, às 21h de hoje, no Auditório Cláudio Santoro, a mais esperada e cara apresentação do 28º Festival de Inverno de Campos do Jordão.
Os ingresso para o concerto custam R$ 50 -contra os R$ 10 cobrados nos outros espetáculos.
Em entrevista na última quarta, Alagna se disse feliz de estar no país de Carlos Gomes. "Grande compositor, infelizmente ainda desconhecido. Eu e Angela queremos fazer um disco com árias e duetos de suas óperas, possivelmente com regente brasileiro".
Se repetir a performance do ensaio de quinta-feira, no Memorial da América Latina, o casal deve fazer um grande recital.
Alagna e Gheorghiu alcançaram todos os agudos do programa sem dificuldade, e demonstraram estar em forma exuberante -embora o tenor se queixasse de problemas na garganta que, aparentemente, não prejudicavam sua voz.
O acompanhamento fica por conta da Orquestra do Festival de Inverno de Campos do Jordão -um grupo de cachê, formado especialmente para a ocasião, com membros da Sinfônica e filarmônica do Estado de São Paulo, além da Sinfônica da USP e Experimental de Repertório.
O regente é Sílvio Barbato, brasileiro radicado em Chicago que deve lançar, em novembro, uma edição crítica da ópera "Il Guarany", de Carlos Gomes.
Morando atualmente na Suíça, Alagna e Gheorghiu se casaram em Nova York, em 96, quando ambos estavam cantando a ópera "La Bohème", de Puccini, no Metropolitan. Não é o primeiro casamento de nenhum deles.
Mais jovem que a mulher -tem 34 anos, contra 37 de Gheorghiu-, Roberto Alagna nasceu em Paris.
Foi o veterano professor Gabriel Dussurget -descobridor da mezzo-soprano espanhola Teresa Berganza- o responsável pelo ingresso do tenor na carreira lírica.
Na primeira vez em que Alagna assistiu a uma ópera, ele estava dentro dela -foi "La Traviata", de Verdi, com o papel de Rodolfo, seu debute operístico, em novembro de 1988, em Glydenbourne, no Reino Unido. Já Angela Gheorghiu teve um desenvolvimento mais convencional. Formou-se na Academia de Música de Bucareste e teve estréia internacional também no Reino Unido, no Covent Garden, em Londres, cantando "La Bohème" em 92.
Os recitais solo do tenor, bem como os do duo, são exclusividade da EMI; discos solo de Gheorghiu pertencem à London, enquanto as óperas completas já saíram por várias gravadoras. Do Brasil, vão para o Thêatre d'Orange, na França, onde dão recital. Seu próximo compromisso juntos é a ópera "Romeu e Julieta", de Gounod, no Metropolitan de Nova York.
Individualmente, Alagna abre temporada do Scala, de Milão, com a ópera "Macbeth", de Verdi, enquanto Gheorghiu fará "La Traviata", de Verdi, em Paris.
O programa do concerto hoje inclui os duetos "Parigi o Cara", da "Traviata", de Verdi; "Parle Moi De Ma Mère", da Carmen, de Bizet; "Suzel Bon Di", de "L'Amico Fritz", de Mascagni; e "A Talor Tel Tuo Pensiero", da "Lucia di Lammermoor", de Donizetti.
Alagna canta as árias "Ah Lève-toi Soleil", do "Romeu e Julieta", de Gounod, e "La Dolcissima", de "Adriana Lecouvreur", de Cilea". Gheorghiu interpreta "L'air Dos Bijoux", do "Fausto", de Gounod, e "Ebben ne Andr• lontana", de "La Wally", de Catalani.
No bis, Alagna escolhe entre a cançoneta napolitana "Tu Ca Nun Chiagne" e "La Danza", de Rossini; Gheorghiu canta a ária romena "Muzica". Encerram com o dueto "O Soave Fanciulla", de "La Bohème", de Puccini -no qual usam o recurso teatral de sair do palco enquanto cantam, emitindo a última nota dos bastidores.

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