São Paulo, sábado, 26 de julho de 1997
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Demitido, general quer a Presidência

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O comandante demitido das Forças Armadas da Colômbia anunciou que quer ser candidato à Presidência e fez críticas veladas ao atual ocupante do cargo, Ernesto Samper. Harold Bedoya foi demitido anteontem à noite.
Horas após a decisão, ele dizia que não deixaria o cargo por vontade própria. Ontem, ele afirmou que sua saída foi "uma decisão autônoma do Executivo". "Até o último minuto que fui o chefe das Forças Armadas eu quis cumprir meu dever para com a Colômbia."
"Eu já havia dito antes que, ao deixar o cargo e voltar à vida civil, eu estaria pronto para servir aos colombianos como eles bem entendessem", disse. Nos últimos meses, surgiram em Bogotá (capital) pichações pedindo "Bedoya para presidente".
A demissão de Bedoya vai significar a retomada de negociações para pôr fim aos conflitos no país, avaliam especialistas militares.
Na quinta-feira Samper nomeou para o posto o general Manuel José Bonett Locarno, que era chefe do Exército.
Ernesto Samper disse que a demissão ocorria "por razões de Estado", depois de uma série de desacordos com Bedoya em relação ao processo de paz com as guerrilhas de esquerda.
O ministro de Defesa da Colômbia, Gilberto Echeverri, disse que a saída foi causada pelas "diferenças entre as concepções sobre os direitos humanos".
Bedoya com frequência se negava a sentar para o que chamava de "negociar com criminosos". Ele afirmava que os planos de paz de Samper "equivaliam a dar permissão que as guerrilhas impusessem a lei do mais violento".
O ex-ministro da Defesa Rafael Pardo disse que "um general de carreira exemplar está sendo sacrificado por um processo de paz que não se sabe como será".
Pardo afirmou que a decisão era questionável e que poderia causar revolta nas Forças Armadas.
A posição de Bedoya provocou irritação na esfera política. Alguns políticos consideraram sua atitude como "um ato de insubordinação". Não há sinais de que o general possa preparar uma rebelião.
Líderes da guerrilha não pediram a demissão de Bedoya como condição para iniciar as negociações de paz, mas vinham criticando posições do general.
Um dos líderes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) -maior grupo guerrilheiro da América Latina-, Joaquín Gomez, havia declarado que "enquanto a autoridade civil continuar sendo imposta pela autoridade militar será difícil encontrar uma solução para os conflitos sociais e armados no país".

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