São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Bom salário leva universitários à PM

FLÁVIO ARANTES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A Polícia Militar do Paraná está conseguindo atrair candidatos universitários ou com especialização em nível técnico para seus cursos de formação de soldados.
Os soldados do Paraná ganham o segundo maior salário da categoria no país -R$ 735,32. Os soldados da PM do Distrito Federal têm o maior salário: R$ 962.
A PM do Paraná só aceita o ingresso de soldados com pelo menos o 2º grau completo. A maioria dos candidatos com estudo técnico ou universitário pertence às áreas de informática, mecânica e contabilidade.
"Hoje, nós oferecemos um salário competitivo no mercado de trabalho", afirma o major Mário Sérgio Nicolau, chefe do CRS (Centro de Recrutamento e Seleção) da PM estadual.
A PM do Paraná está abrindo 1.600 novas vagas na corporação. Em maio, mês do início dos cursos de seleção, foi repassada a última parcela de um reajuste salarial para os soldados da PM, escalonado em 13 parcelas mensais.
Durante o período, o salário de um policial militar ingressando na PM do Estado subiu de R$ 462,04 para R$ 735,32.
Segundo Nicolau, por causa da melhora na qualificação dos inscritos, o CRS elaborou uma nova prova de conhecimentos gerais, mais exigente. "O índice de aproveitamento dos candidatos no curso de seleção cresceu", afirma.

Mais candidatos A PM do Paraná já atraiu até o momento 8,5 candidatos para cada uma das 1.600 novas vagas. Para algumas cidades do interior, a relação candidato/vaga chega a 60 para 1. Nem todos os concursos foram abertos.
Na última grande seleção realizada pela PM do Estado, em 1991, a relação foi de 2,8 candidatos por vaga, um crescimento de 203% no número de inscritos.
Em 1991, por causa da baixa qualificação dos candidatos, a PM precisou de dois anos para preencher todas as 836 vagas então abertas, dificuldade que Nicolau diz acreditar não existir desta vez.
Segundo oficiais da Polícia Militar do Paraná, a melhoria no salário dos cabos e soldados foi reivindicada pelo comando da PM no início da administração do governador Jaime Lerner (PDT), já antevendo a crise que hoje afeta pelo menos 13 Estados brasileiros.
A avaliação no comando da PM é que, se não fosse o aumento, o Paraná estaria vivendo uma crise igual à dos outros Estados.
O coronel Elizeu Ferraz Furquim, presidente da Amai (Associação de Defesa dos Direitos dos Policiais Militares e Pensionistas), diz que o reajuste dos salários dos soldados da PM no Paraná só foi obtido depois que os oficiais ameaçaram parar o trabalho da corporação, em março de 1996.
"Nós fomos para o Clube dos Oficiais. Estavam presentes 650 dos 750 oficiais e representantes dos praças. Mandamos o seguinte recado: "Sem acordo, amanhã não tem polícia".
Após a ameaça, Furquim afirma que o governador cedeu, concedendo o reajuste escalonado em 13 meses, cuja última parcela foi repassada no mês passado.
Hoje no Paraná ocorre uma situação inversa da dos demais Estados. A insatisfação salarial é dos oficiais, que alegam salários defasados. O salário bruto de um coronel da PM no Estado é de R$ 5.323.

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