São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997 |
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Cidade faz mais cirurgias do que Estado
DANIELA FALCÃO
O número de cirurgias de catarata é superior ao que foi realizado em todo o Estado de Minas no ano. E o número de consultas é quase três vezes maior do que o total de habitantes do município. A princípio, o centro de oftalmologia de Iguatama deveria atender apenas os moradores das 16 cidades do Consórcio Intermunicipal do Alto São Francisco -o primeiro e mais bem-sucedido de Minas. Mas a inexistência de fila para a cirurgia de catarata e a fama de bom atendimento já atraiu pacientes de 52 municípios mineiros e até de outros Estados -inclusive São Paulo e Rio de Janeiro. É o caso do pintor aposentado Ronald Vieira de Carvalho, 63, que viajou 18 horas de ônibus de Acesita (perto da divisa de Minas com o Espírito Santo) até Iguatama para ser submetido à cirurgia. "Há três meses minha visão piorou muito. Fui ao médico em Acesita e ele disse que eu tinha de ser operado logo. Ele mesmo fez o contato com os médicos daqui e fui operado em 48 horas", conta. A distância percorrida por Carvalho é pequena se comparada à dos dois pacientes que vieram de mais longe: um do Maranhão (cerca de 2.900 km) e o outro do Amazonas (4.000 km). "As pessoas estão no fluxo inverso. Em vez de saírem do interior para a capital, estão deixando os grandes centros para procurar nossos serviços", diz Manuel Bibiano de Carvalho, ex-prefeito de Iguatama e até hoje um dos maiores entusiastas dos consórcios. Iguatama e as outras 15 cidades que formam o consórcio do Alto São Francisco oferecem à população um atendimento que dificilmente é encontrado no resto do interior. Cada município ficou responsável por uma especialidade. Além de oftalmologia, há centros de neurologia, urologia, dermatologia, saúde da mulher e nefrologia. Em breve o município de Nova Serrana irá abrigar um centro de otorrinolaringologia. A decisão sobre que especialidade será sediada em cada município é tomada pelo conselho de prefeitos -órgão político do consórcio que decide para onde vão os investimentos. Para montar os centros, os municípios contam com ajuda dos governos estadual e federal, e da comunidade. O centro de oftalmologia de Iguatama, por exemplo, foi construído em 114 dias em regime de mutirão, com ajuda de comerciantes. Ao todo, 486 pessoas participaram. Todas têm o nome gravado na parede da entrada do centro. Texto Anterior: Exame evita sífilis congênita Próximo Texto: VIAJANTE Índice |
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