São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Escolas de SP viram 'centros de diversão'

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Escolas particulares com alunos de classe média alta de São Paulo estão oferecendo cada vez mais atividades extracurriculares.
Hoje pais e filhos já podem, por exemplo, almoçar juntos no restaurante da escola, além de fazer ginástica na academia do colégio enquanto o filho treina futebol.
O conceito da escola que funciona como um pequeno campus universitário é inspirado no modelo americano, diz Myriam Tricate, diretora-geral do Colégio Magno.
Há três anos foi implantado na escola o programa "Full Time". Os alunos que se matriculam nesse programa permanecem em tempo integral na escola realizando atividades extracurriculares optativas.
A escola também oferece cantina, loja de uniformes e papelaria.
Além de facilitar a vida dos pais, que não precisam transportar as crianças de uma atividade para a outra, a concentração de cursos e serviços no colégio os aproxima do cotidiano escolar dos filhos.
No Galileu Galilei as atividades em tempo integral começaram a ser oferecidas este ano. Para a diretora de ensino, Amélia de Borja, os pais estão satisfeitos com a permanência das crianças na escola.
A intenção do colégio Pueri Domus também é trabalhar cada vez mais em parceria com os pais.
Segundo a diretora-geral, Elisabeth Zocchio, o desgaste gerado pelos deslocamentos na cidade é tão grande que há uma tendência a concentrar as atividades extracurriculares e serviços na escola.
Uma preocupação comum aos diretores dessas instituições é evitar que os serviços se tornem meramente comerciais levando à transformação do local de estudo em clubes ou shopping centers.
"Somos muito rígidos nos limites. O Magno oferece uma série de atividades, mas não é um shopping ou um clube", diz Myriam.
"Não vamos incentivar o consumismo, mas o que é necessário tem de ser facilitado", afirma Elisabeth, do Pueri Domus.
"É complicado carregar o aspecto pedagógico e o comercial", diz Maria de Lourdes Aidar, diretora-sócia do Lourenço Castanho.
Educadores
Educadores afirmam que a formação integral da criança e a participação dos pais nas atividades da escola são positivas.
"Isso (atividades extracurriculares) você encontra em qualquer escola pública de país desenvolvido", afirma Tizuko Morshida Kishimoto, vice-diretora da faculdade de educação da USP.
A educadora Ângela Antunes Ciseski acrescenta que as atividades em tempo integral não podem ficar restritas à sala de aula.

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