São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 1997
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Saraiva oscila pouco e ganha 57% no ano

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a Bolsa de Valores subia e descia violentamente nas últimas semanas, algumas ações pouco conhecidas conseguiram manter sua estabilidade e saíram da crise sem grandes arranhões.
As ações preferenciais (sem direito a voto) da editora Saraiva -pouca gente sabe que a editora tem ações na Bolsa- são um bom exemplo disso.
No dia 15 de julho, quando o índice da Bolsa paulista, o Ibovespa, fechou com uma queda de 8,5%, os papéis da Saraiva atravessaram o dia cotados sempre a R$ 7,50.
No mesmo dia, Telebrás, a vedete da Bolsa, abriu a R$ 156,50 (o lote de mil), oscilou para cima e para baixo e fechou a R$ 145,00, segundo a Economática.
"Durante toda a crise das últimas semanas, Saraiva PN registrou apenas uma pequena queda, mas já recuperou. É o tipo de investimento para quem não quer sustos", diz Maurício Bittencourt, sócio da Investidor Profissional.
A empresa é especializada na administração de recursos e acompanha a editora há quatro anos.
As chamadas ações de primeira linha, que têm Telebrás como exemplo máximo, são as mais negociadas da Bolsa, ou como se diz no mercado, de maior liquidez.
Também costumam subir e descer ao sabor de fatores políticos e macroeconômicos. São elas as responsáveis por levar o índice da Bolsa para cima ou para baixo.
Já as de segunda e, de maneira mais acentuada, as de terceira linha, como Saraiva PN, são muito menos líquidas e não sofrem tanto o reflexo de fatores externos.
"Ações como Saraiva têm uma alta consistente, muito mais ligada a fundamentos da própria empresa", diz Bittencourt.
No caso específico da Saraiva, não têm faltado fatores positivos. Nos últimos 15 anos, a empresa nunca deixou de lucrar.
No ano passado, o grupo -que inclui a editora e a livraria- faturou cerca de R$ 150 milhões e teve lucro de R$ 16,6 milhões.
A rentabilidade sobre o patrimônio foi de 25%, taxa comparável às melhores alcançadas por bancos de investimento e seguradoras.
Refletindo esse bom desempenho, a ação, cotada a US$ 1,00 no início de 95, está hoje em torno de US$ 7,20. No ano, subiu 57%.
O papel negociado na Bovespa é da editora, acionista integral da livraria Saraiva. O investidor que compra ações da editora está aplicando nas duas divisões do grupo.
Na avaliação de analistas ouvidos pela Folha, essa combinação forma uma "mistura perfeita".
"Esse é um mercado difícil de ser conquistado, mas também difícil de se perder. É o lado mais sólido da companhia, com estruturas de custo definidas e retorno previsível", afirma Bittencourt.
A livraria deve faturar R$ 100 milhões no ano e a editora, R$ 80 milhões.
"É no lado do varejo que os negócios podem estourar e crescer muito rapidamente", avalia o sócio da Investidor.
E é o que vem acontecendo desde que os administradores do grupo importaram dos Estados Unidos e da França o conceito de superloja e lançaram a primeira Saraiva Megastore, em maio de 1996.
A exemplo da norte-americana Barnes and Nobel e da francesa Fnac, o padrão da Saraiva Megastore é uma área mais ampla, em torno de 1.500 metros quadrados -uma livraria tradicional tem aproximadamente 200 metros.
Também tem maior variedade de títulos, café e sofás para leitura, ingredientes perfeitos para estimular a compra por impulso.
Hoje são três Saraiva Megastore e até o final deste ano mais quatro deverão estar funcionando.
"O faturamento médio de uma Megastore é de R$ 10 milhões, o que pode significar aumento de mais de 10% no faturamento da divisão de livrarias a cada nova loja", calcula Maurício Bittencourt.
O conceito de superloja, segundo o analista, é uma revolução também no aspecto da rentabilidade das livrarias.
A estimativa é que, até o ano 2000, as superlojas tenham uma rentabilidade patrimonial próxima a 25% ao ano. No ano passado, a rentabilidade da divisão de livrarias foi de apenas 3,5%, enquanto a da editora foi de 42%.

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