São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997 |
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Café
ROBERTO DE OLIVEIRA
Na fazenda Pinheiros, em Três Pontas, o produtor Flávio Reis Brito, 34, usa a derriçadeira pneumática em 140 ha de café. "A máquina não danifica o cafezal, ajuda a aumentar a produtividade e acelera a colheita. E não desemprega", diz. A 22 km da Pinheiros, outro cafeicultor, José Alfredo Reis, alugou por R$ 75/hora uma colheitadeira mecânica para a colheita de 11 mil sacas em sua fazenda, a Beleza. Importada dos EUA, a máquina colhe cerca de 1,2 mil sacas/dia. Custa cerca de US$ 160 mil. Aos 77 anos, Reis acha que chegou o momento de aderir à tecnologia. "Não dá para fazer como na época do meu pai", afirma ele. Para o presidente do CNC (Conselho Nacional do Café), Gilson José Ximenes Abreu, os fazendeiros estão virando uma página da história da cafeicultura brasileira. Eles seguem o exemplo de seus colegas do cerrado mineiro. "Temos que nos tornar mais competitivos diante da globalização", afirma Abreu, que também é presidente da Unicoop (União Cooperativa Agropecuária Sul de Minas). A tendência de mecanização está se fortalecendo com a importação de máquinas e com as parcerias entre empresas nacionais, estrangeiras e cooperativas para desenvolver novos equipamentos. O principal objetivo é reduzir as despesas de colheita, responsáveis por até 50% do custo de produção de uma saca de café no Brasil e aumentar a qualidade do produto. Cooperativas do Sul de Minas estão importando da Itália 80 derriçadeiras pneumáticas para a safra que está sendo colhida. Operadas por trabalhadores rurais, elas possuem na extremidade um mecanismo vibratório que promove a queda dos frutos da planta para o chão. Com elas, os produtores esperam aumentar em até 40% a produtividade da colheita, de acordo com Abreu. A Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé está desenvolvendo em parceria com a Embrapa de São Carlos (SP) uma colheitadeira portátil, diz José Geraldo Rodrigues de Oliveira, superintendente técnico da Cooxupé. Técnicos da Esalq/USP de Piracicaba (SP) e da Feagri/Unicamp de Campinas (SP) avaliam uma nova máquina de fabricação nacional com tecnologia italiana. Rebocada por trator, a máquina recolhe entre 250 e 400 sacos de 60 litros de café em 12 horas, abana e ensaca os grãos. Custa cerca de US$ 20 mil, segundo o professor da Esalq José Luís Duarte Coelho. A chegada das máquinas não significa desemprego, dizem produtores e técnicos. Segundo eles, há escassez de trabalhadores em Minas Gerais, além de pouca qualificação para a colheita. Próximo Texto: Trabalhador prevê desemprego Índice |
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