São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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Movimento dos 'com-terra' fecha rodovia

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA EM JUNQUEIRÓPOLIS

Produtores ligados à UDR e a sindicatos rurais de comerciantes de São Paulo bloquearam ontem, durante uma hora, com tratores, máquinas agrícolas, camionetes e carros, a rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), que liga São Paulo ao Mato Grosso do Sul. O trânsito foi desviado para uma estrada de terra entre as 12h e as 13h.
A manifestação reuniu cerca de 500 pessoas, entre produtores rurais e comerciantes da região da Alta Paulista.
O ato marcou o lançamento da Frente Nacional da Produção, movimento que serve de contraponto ao avanço do MST no país.
"Chegou a vez dos com-terra", disse o presidente da UDR (União Democrática Ruralista), Roosevelt Roque dos Santos.
Participaram do ato ainda o presidente do Sinapro (Sindicato Nacional dos Produtores), Narciso Clara; José Matheus, vice-presidente da Faesp (Federação da Agricultura do Estado de São paulo); Carlos Aparecido de Souza, vice-presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo); deputados ruralistas e prefeitos, entre outros.
A pauta de reivindicações do movimento vai da pressão por reformas (administrativa, previdenciária e tributária) à anistia ou prorrogação da primeira parcela da securitização (financiamento agrícola).
Os idealizadores da Frente Nacional da Produção pretendem fazer mobilizações pelo país, até culminar com um ato em Brasília, sem data prevista. A manifestação de ontem começou às 9h, com um ato ecumênico concelebrado por três padres e um pastor, e terminou às 16h, com um ato público na principal avenida do município de Junqueirópolis (635 km a noroeste de SP), depois em um "tratoraço" pelo centro.
O município foi escolhido para lançar o movimento por ter sido berço em 1995 do "caminhonaço", movimento que reuniu mais de 10 mil pessoas em Brasília.
Em seu discurso, o presidente da UDR pediu ao presidente Fernando Henrique: "Não deixe que manchem nossas bandeiras de vermelho de outros movimentos", referindo-se à possibilidade de pequenos produtores perderem suas terras e engrossarem a fila do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

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