São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Convenção nacional deve ter equilíbrio

PT Articulação tem ligeira vantagem sobre "esquerda"

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A indefinição sobre quem comandará o PT na campanha eleitoral de 98 abriu uma dúvida sobre a concretização ou não da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 98.
O ex-deputado José Dirceu, atual presidente do partido, é candidato à reeleição pelo grupo de Lula. Vai enfrentar o deputado federal fluminense Milton Temer, da ala de "esquerda" da legenda, na convenção nacional, marcada para agosto, no Rio.
Faltando o resultado de poucas convenções estaduais, que elegem os delegados que vão escolher o presidente nacional, não há certeza sobre o nome de quem vai comandar o partido.
Até agora, o grupo de Lula, a "Articulação", leva pequena vantagem entre os delegados já eleitos. Mas a dianteira pode ser desfeita pelos partidários de Temer na convenção do PT de Minas, que ainda não ocorreu.
Lula tem insistido, nas conversas internas, que não aceitará a candidatura caso o PT não amplie as alianças para 98, principalmente nos Estados.
Mas os resultados de algumas convenções estaduais sugerem que Lula não será atendido, já que a "esquerda" tende a preferir candidaturas próprias, em nome de um programa "democrático-popular", e não apostar em alianças que considera "pragmáticas", como defende Lula.
Na campanha presidencial derrotada de 94, o comando da campanha de Lula esteve nas mãos da "esquerda" e foi alvo de queixas do candidato.
Temer não vê incompatibilidade entre uma possível vitória sua em agosto e a provável candidatura Lula.
"Lula é disciplinado e sabe que quem determina o programa da candidatura é o Encontro Nacional (convenção)", diz o representante dos setores radicais na disputa interna.
Para Temer, sua divergência com Dirceu, fora a maneira "centralizadora" que enxerga na atuação do adversário na direção do partido, pode ser confinada principalmente no quesito amplitude das alianças para as eleições de 98.
"Eu entendo que só teremos perspectiva de vitória se radicalizarmos com bandeiras próprias e não aderindo ao pragmatismo", afirmou Temer.
Dirceu
Dirceu, que assumiu oficialmente a candidatura à reeleição no último domingo, ontem reclamou de uma declaração de Temer sugerindo que seu adversário renunciasse à candidatura.
"Quero fazer uma disputa política e não na base da provocação", afirmou. Nos próximos dias, Dirceu começa a percorrer o país em busca de votos.
O colégio eleitoral que vai definir o comando petista deve ser composto por cerca de 540 delegados.
O equilíbrio mostra uma espécie de "congelamento" das forças internas. Nas duas convenções nacionais anteriores, os dois grupos obtiveram uma vitória cada um, com diferenças mínimas.
Antes das últimas convenções nos Estados, a ala de Dirceu calculava que poderia chegar à convenção com 60% dos delegados, o que hoje é considerado improvável.

Texto Anterior: Diretoria da empresa não é localizada
Próximo Texto: Pelotões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.