São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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Poluição faz Chile paralisar Santiago

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo chileno proibiu ontem, pela primeira vez, a circulação de 60% dos veículos sem catalisador na capital, Santiago, e suspendeu as aulas devido à poluição na cidade. Ambientalistas, parlamentares e médicos criticaram os planos oficiais para diminuir a poluição.
A situação chegou ontem à beira do colapso e os efeitos da "nuvem tóxica" sobre a cidade obrigaram o governo a uma medida inédita: a prorrogação, pelo sexto dia consecutivo, do estado de pré-emergência, porque foi ultrapassado o nível de 300 microgramas de partículas nocivas por metro cúbico de ar.
A capital chilena amanheceu semiparalisada, com as escolas de jardim de infância e do ciclo básico sem aulas, 102 indústrias paradas e recomendações de não praticar exercícios físicos e para que crianças, gestantes e idosos não saíssem de casa.
Santiago -ao lado da Cidade do México e de São Paulo- é uma das três cidades mais poluídas do planeta e, até o momento, segundo parlamentares, médicos e ambientalistas, as autoridades governamentais só têm aplicado medidas de "praxe" para combater esse fenômeno, que ocorre todos os invernos.
Um plano de despoluição anunciado na sexta-feira passada pelo presidente Eduardo Frei estabelece: deixar mais caro o uso de automóveis na região metropolitana de Santiago, mediante o aumento dos preços para expedir as licenças de circulação, e um imposto adicional sobre a gasolina, que implicaria arrecadações de alguns milhares de dólares que seriam destinados a programas de despoluição.
Segundo afirmou ontem o ministro da Economia do Chile, Alvaro García, as medidas apontam para que se pague um preço maior para viver ou trabalhar em Santiago.
O presidente do Instituto de Ecologia Política, Manuel Baquedano, disse que as medidas do governo eram fracas, ainda que na direção correta, e afirmou que a culpa da crise é do "grau" das políticas ambientais que as autoridades têm seguido.
Segundo o governo informou, se as condições meteorológicas não mudarem, permitindo a dispersão dos poluentes da capital, a situação pode piorar nas próximas horas.
A frota de carros da cidade -estimada em 800 mil veículos-, sua situação geográfica -rodeada de montanhas e quase sem ventos- e o "cordão industrial" que a rodeia seriam co-responsáveis pela atual situação da poluição no município.

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