São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Camelôs 'invadem' vizinhas da Paulista

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com autorização verbal dos fiscais da Administração Regional da Sé, os camelôs expulsos da avenida Paulista, região sudoeste de São Paulo, pelo prefeito Celso Pitta invadiram as transversais da avenida em direção ao centro. A Folha contou 54 camelôs no trecho entre as ruas Frei Caneca e Consolação.
O principal foco é a primeira quadra da rua Frei Caneca, entre a avenida e a rua Luís Coelho, onde a Folha contou 20 ambulantes.
Para permanecerem na Frei Caneca, os camelôs receberam orientação de fiscais da regional da Sé, pedindo para que não se aglomerassem e se mantivessem a 50 m de distância da avenida.
Segundo a assessoria de imprensa da regional da Sé, os camelôs deveriam ter o material apreendido. A regional dispõe de apenas 60 fiscais para os cerca de 7.000 camelôs da área que administra. Do total de ambulantes, apenas 800 têm autorização para trabalhar.
A assessoria disse que os fiscais devem ter feito a restrição de 50 m baseados na lei que proíbe o comércio em cruzamentos e que não devem ter realizado as apreensões por falta de caminhões.
A Guarda Civil Metropolitana, que mantém cem homens e 18 carros na avenida, não tem autorização para multar ou apreender.
Os camelôs ainda querem manter o diálogo com a prefeitura. O líder dos ambulantes da Paulista, Marcos Antonio Maldonado, insiste na tentativa de uma audiência com o prefeito Celso Pitta.
Para tentar melhorar a situação dos colegas, Maldonado está pedindo para sindicatos paulistas cestas básicas para os 300 camelôs que trabalhavam na avenida.
A ambulante Verânia Aparecida Badiali, 33, que armou sua banca na Frei Caneca pela terceira vez desde o início da repressão aos camelôs na Paulista, afirmou ter lucrado apenas R$ 20 nos últimos dois dias e estava preocupada com os fiscais e com as contas a pagar.
"Eles (os fiscais) pediram para que nós não nos aglomerássemos, mas como é que eu vou impedir um colega de armar sua banca do lado da minha. Acho que amanhã (hoje) eles tiram a gente daqui."
Verânia já ligou para três fornecedores pedindo que não depositem cheques pré-datados.

Texto Anterior: Estudante acusada de fraude é liberada
Próximo Texto: Novo 'Aqui Agora' bate 'Cidade Alerta'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.