São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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Empresas cobram Pitta e ônibus pode parar

MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Os motoristas e cobradores de São Paulo ameaçam entrar em greve a partir de amanhã se as empresas de ônibus cortarem o vale-refeição da categoria, que deve ser pago até quinta, dia 31.
Os empresários alegam que não têm recursos para pagar o benefício aos funcionários, pois, segundo eles, a prefeitura repassa às empresas valor menor do que o custo real por passageiro transportado.
"Não estamos tentando medir forças com a prefeitura", explica o presidente do Transurb (sindicato patronal), Maurício Lourenço da Cunha. "Simplesmente as empresas estão sem recursos, por culpa da prefeitura, e não podem pagar aos funcionários."
Duas reuniões decisivas acontecem hoje para discutir a paralisação. O prefeito Celso Pitta se reúne às 9h com os empresários do setor para pedir que eles mantenham em dia o pagamento.
Depois, às 15h, dependendo do resultado desse encontro na prefeitura, acontece uma reunião no sindicato dos condutores para votar a proposta de greve.
Ontem à tarde, os empresários decidiram que o momento é oportuno para "marcar posição" diante do impasse com a prefeitura.
Sem declarar oficialmente que apóiam a greve, o que seria ilegal, os empresários aguardam uma decisão do prefeito.
Segundo o presidente do Transurb, as empresas já estariam "pagando para trabalhar".
A troca de acusações entre a prefeitura e os empresários prossegue. Enquanto as empresas alegam receber pouco, a SPTrans (gerenciadora do sistema) diz que o maior problema é a "falta de habilidade" dos empresários em se adequar às atuais exigências da população.
O presidente da SPTrans, Francisco Christovam, afirma que as críticas dos empresários são motivadas unicamente pela redução dos lucros. "Se eles perderam mercado para as peruas de lotação, foi por incompetência", diz.
"Não sabemos quem é o culpado pela crise", afirma o presidente do sindicato dos condutores, José Alves do Couto Filho, o Toré. "Só estamos deixando claro que o trabalhador não vai sair perdendo em consequência disso."
O vale-refeição é o principal benefício concedido a motoristas e cobradores. São 27 tíquetes no valor unitário de R$ 6,50, o que representa no final do mês um acréscimo de até R$ 175,50.
Além disso, os funcionários das empresas de ônibus recebem a chamada cesta básica, no valor de R$ 31,50 -que teoricamente deveria possibilitar a compra mensal dos produtos de primeira necessidade de uma família padrão.
A cesta básica é paga até o dia 20 de cada mês. Em julho, o pagamento foi normal, mas os empresários avisam que, enquanto a prefeitura não repassar o custo integral por passageiro transportado, os pagamentos estão ameaçados.

LEIA MAIS sobre os ônibus à pág. 3-2

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