São Paulo, terça-feira, 29 de julho de 1997
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Confusão; Despropósito; Primeiro Mundo; Dois pesos; Retificação

Confusão
"Sobre a carta de Mailson da Nóbrega ('Painel do Leitor', 22/7): confunde-se novamente o articulista/missivista porque, como ele mesmo diz saber, foi o Banespa, até o final da década passada, continuadamente utilizado pelos governos federal e estadual para financiar saúde, educação, saneamento básico, meios de transporte, geração e distribuição de energia elétrica, confundindo-o com a gestão da coisa pública.
Os créditos do setor público, considerados bons desde a origem, e os créditos do setor privado, contabilizados como de difícil liquidação, devidamente provisionados e, portanto, debitados em contas de lucros e perdas, jamais foram remetidos à conta de contribuintes.
É elementar para quem conhece banco que um crédito, para ser contabilizado em conta de difícil liquidação, precisa demonstrar insolvência do devedor ou estar vencido por certo prazo, o que não havia na data da intervenção no Banespa.
Na Constituição Federal, o Estado está definido como solvente por natureza. Essas duas condições, acrescidas da absoluta regularidade desses créditos naquela ocasião, tornam inconsistentes as considerações do ex-ministro.
Deveria ter falado sobre suas maiores experiências à frente do Ministério da Fazenda, em especial no que concerne à remessa de contas aos contribuintes, se explicasse as taxas de juros, aí sim delirantes, praticadas naquele período caracterizado pelos recordes históricos de inflação no país, impondo às três esferas de governo perdas expressivas, quando se viram obrigadas a pagar suas dívidas mobiliárias e contratuais, e, mesmo assim, vê-las crescer em escalas alucinantes."
Carlos Augusto Meinberg, presidente da Prodam (Companhia de Processamento de Dados do Município de São Paulo), presidente do Banespa em 1994 (São Paulo, SP)

Despropósito
"Como um bom número de leitores mineiros deste jornal, estarreci-me ao ler o artigo 'Quando falam as baionetas', publicado em 24/7 e de autoria do sr. Otavio Frias Filho.
Chocam, sobretudo, as referências difamantes e injuriosas ao governador do Estado, Eduardo Azeredo, taxando-o de 'irresponsável' e afirmando que 'os mineiros (o) colocaram no governo em vez de internar numa clínica'.
Fosse conversa de botequim, ou mera paulificância, não mereceria resposta. Entretanto, sendo palavras publicadas e, portanto, supostamente refletidas, não podem ser relevadas. O silêncio passaria por omissão ou, pior ainda, por consentimento.
O despropósito do artigo deve-se, a meu ver, a um dos três motivos: impetuosidade do autor; desinformação; ou presunção de imaginar que compartilhar da pujança da terra e do povo paulistas -fontes de tantos luminares- corresponde necessariamente à agudeza de espírito e de julgamento.
Além das ofensas emanadas do autor, o seu comentário comete o equívoco da contradição.
Depois de escarnecer da honra e integridade pessoais do governador Eduardo Azeredo, condenando-o pelas greves e manifestações dos policiais, ele conclui que a instituição PM 'está em crise', 'está falida'.
Aqui, ele tem razão, pois a crise que eclodiu primeiro em Minas -Estado resumo do país- revela a intensidade dos problemas estruturais que afetam todos os níveis da sociedade e do poder público brasileiros.
Assim, só quem acompanhou a realidade dramática daquele momento sabe que reprimir a repentina sublevação de militares armados não foi 'feio', como quer impor o articulista.
Feio, muito feio mesmo seriam inúmeros mortos e feridos no confronto. E foi essa a avaliação de quem teria os meios de executar a repressão recomendada pelo sr. Frias Filho: os oficiais generais do Exército chamados a colaborar no exame da difícil decisão.
Por fim, outro grave erro de informação do autor foi o de que o governador teria premiado 'a rebelião com os aumentos que negara'.
Ao contrário: antes de ela irromper, o governador Eduardo Azeredo já havia solicitado à Assembléia Legislativa autorização para conceder o reajuste e também já tinha definido o seu valor para o salário inicial de soldado -apenas R$ 98 abaixo do que acabou prevalecendo."
Francisco Brant, assessor de imprensa do governador do Estado de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)

Resposta do jornalista Otavio Frias Filho - A carta expressa legítimo direito de contestação, embora dela se conclua que o comportamento do governador de Minas no episódio foi impecável e deve ser adotado como modelo pelos demais governantes do país.

Primeiro Mundo
"O que me surpreende mais na atitude dos bancos suíços em devolver o dinheiro dos judeus é a organização.
Passados mais de 50 anos, os suíços mantêm ainda em arquivo dados importantes de seus clientes.
Já nos vagabundos bancos brasileiros, passados alguns meses, é impossível localizar contas, poupanças, FGTS, fundos 157 e outras aplicações, e até mesmo os respectivos bancos."
José Roberto Reder (São Paulo, SP)

Dois pesos
"Curiosos os dois pesos e duas medidas da Folha quando se trata de denúncias de corrupção.
Gravações telefônicas vinculam o ministro das Comunicações e principal articulador político do presidente a uma escandalosa compra de votos no Congresso e no dia seguinte o editorial da Folha afirmava: 'Nem de longe pretende-se aqui relacionar a figura do presidente ao mercadejo abjeto de votos no Congresso...'.
Por que tanta pressa em inocentar o déspota ilustrado se todas as provas apontavam o contrário?
Curiosa essa pressa, especialmente quando comparada com o arsenal de suspeitas e insinuações levantadas contra Lula, baseadas no fato de que mora em uma casa emprestada por um amigo.
Para piorar, o editorial de 23/7 admite a inocência de Lula, mas ressalva que 'o caso deixa resíduos sobre sua imagem'.
Obviamente o caso deixa resíduos sobre sua imagem! Qual imagem permaneceria intacta depois de uma campanha dessas?"
Idelber Avelar (Urbana, Illinois, EUA)

Retificação
"Solicitamos correção de informação publicada em 1º/7. O Grupo Pela Vidda (Pela Valorização, Integração e Dignidade do Doente de Aids) não recebeu doação do que foi recolhido pelo Mundo Mix.
O Grupo Pela Vidda/SP -que luta pelos direitos dos soropositivos para o HIV- não mantém atividades assistencialistas, de distribuição de roupas, objetos ou alimentos."
Ruth Nagao, Grupo Pela Vidda/SP (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia seção "Erramos" abaixo.

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