São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Governo ameaça afastar chefes da polícia

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O governo de Pernambuco anunciou ontem que vai afastar os policiais civis com cargos de chefia que não retornarem "imediatamente" ao trabalho. A categoria está em greve há 13 dias por melhores salários.
Além da perda do cargo de chefia -que rende gratificação de R$ 156-, os grevistas terão ainda os dias parados descontados, segundo o secretário da Segurança Pública do Estado, Antonio Moraes.
Cada delegacia mantém cinco chefes. Eles são responsáveis pela carceragem, policiamento, administração, cartório e investigações. Os delegados, que não aderiram à greve, foram encarregados de apurar quem não está trabalhando.
Moraes diz que a greve é parcial e acusa os líderes do movimento de usarem "métodos nazistas" para intimidar quem volta ao trabalho.
Segundo ele, os grevistas estão filmando e fotografando os policiais nas delegacias para exibir as imagens aos que estão em greve.
A Justiça já concedeu liminar ao Estado, considerando a greve dos policiais "ilegal". A decisão, provisória, estabelece multa diária de R$ 5.000 ao sindicato da categoria, por descumprimento da ordem.
O endurecimento nas negociações com os grevistas ocorreu um dia após a volta dos policiais militares aos quartéis. A paralisação dos PMs durou 12 dias.
Sinuca e pebolim
O presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis do Estado), Sérgio Leite, considerou "normal" o anúncio de punições. "Toda greve tem ameaça", declarou.
Segundo ele, a categoria continua mobilizada e apenas duas delegacias funcionam normalmente na região metropolitana de Recife -a de Boa Viagem e a de Olinda.
Leite confirmou que os grevistas estão filmando os colegas que abandonaram o movimento "para mostrar quem são os traidores, os puxa-sacos do secretário".
Os grevistas se reúnem todos os dias atrás do prédio da Secretaria da Segurança. Para passar o tempo, colocaram no meio da rua mesas de sinuca e pebolim, além de jogos de xadrez, dama e dominó.
Com o fim da paralisação dos PMs, a comissão de deputados estaduais passou a intermediar as negociações com o governo.
Os grevistas reivindicam aumento do piso salarial de R$ 74,21 para R$ 130. Querem ainda a abertura de concurso público para a contratação de 9.600 policiais.
Com o reajuste e gratificações, o salário de um policial civil em início de carreira passaria de cerca de R$ 500 para aproximadamente R$ 700, disse Leite. O governo ainda não apresentou contraproposta.

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