São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Distribuidor nega negócio com A D'Oro

IGOR GIELOW
DA REPORTAGEM LOCAL

O distribuidor de frango Valdecir da Costa Coelho, de São José dos Campos (SP), negou ontem a fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda ter feito a compra registrada em uma nota fiscal da empresa A D'Oro Alimentícia e Comercial Ltda. de maio passado.
"Sou cliente da A D'Oro, mas não tenho registro desse fornecimento", afirmou Coelho. Ontem, a secretaria enviou fiscais ao escritório de Coelho para recolher documentação sobre sua relação com a A D'Oro.
Os fiscais não falaram com a reportagem. Segundo Coelho, eles estavam lá após a publicação na imprensa da suspeita de sonegação de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) por parte da A D'Oro.
A suspeita ocorre porque a nota fiscal, que havia sido apresentada ao Ministério Público anteontem pelo vereador paulistano Carlos Neder (PT), tinha duas vias.
Numa, o preço de venda apresentado era de R$ 221,47. Em outra, R$ 62,91, o que indicaria evasão fiscal, segundo o vereador.
Pressão
A suspeita aumenta a pressão sobre a A D'Oro. A empresa pertence ao cunhado do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), Fuad Luftalla, e forneceu frango à Prefeitura de São Paulo entre 5 de agosto de 1996 (gestão Maluf) e 26 de fevereiro de 1997 (gestão Celso Pitta, aliado de Maluf e também do PPB).
A mulher de Pitta, Nicéa, trabalhou como estagiária na A D'Oro e deverá depor sobre o caso ao Ministério Público em agosto.
O Ministério Público de São Paulo acredita que houve favorecimento à A D'Oro e, mais grave segundo o promotor Alexandre de Moraes, à granja Obelisco.
Fornecedora de parte das 824 toneladas de frango vendidas à prefeitura pela A D'Oro no ano passado, a Obelisco pertence à mulher de Maluf, Sylvia. Sua filha Ligia é sócia no negócio, que segundo Maluf foi fechado há três meses por dar prejuízo.
Preço diferente
Além da suspeita de sonegação fiscal, a nota com duas vias apresenta um preço por quilo de coxa e sobrecoxa de R$ 1,20. Um mês antes, a A D'Oro havia oferecido à prefeitura paulistana o mesmo produto por R$ 1,49 o quilo.
Para o vereador Neder, isso mostra que a empresa diferenciou o mercado público e o mercado privado com prejuízo ao primeiro.
A empresa se defendeu pela primeira vez em nota oficial ontem (leia texto ao lado).
Em relação à suposta sonegação fiscal investigada pelo Estado, a A D'Oro afirma que a nota fiscal representa uma venda de R$ 62,91.
Insinua que a outra via apresentada pelo vereador Carlos Neder, com valor mais alto, foi forjada. "A empresa não pode se responsabilizar por eventuais falsificações, montagens ou deturpações."

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