São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
Próximo Texto | Índice

Pitta dá dinheiro a empresas e evita greve

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, cedeu às pressões dos empresários de ônibus e aumentou ontem a remuneração paga por passageiro transportado.
O pagamento das empresas é a soma da tarifa (paga pelo passageiro, que não vai ter novo reajuste por enquanto) com o subsídio (bancado pela prefeitura).
Com o aumento, Pitta vai ter de gastar R$ 20 milhões por mês de subsídio para completar o arrecadado nas catracas. O valor equivale a 40% do total que a prefeitura gasta para manter o PAS (Plano de Atendimento à Saúde) todo mês.
O dinheiro vai sair de outros projetos, mas a prefeitura não informou de quais. Provavelmente do programa de corredores.
Derrota
O aumento foi uma derrota política de Pitta, que, em meio à crise de caixa, pretendia acabar com o subsídio do passageiro comum.
Pitta queria manter apenas o subsídio das passagens especiais, como a de estudante, que representavam R$ 8 milhões por mês.
Para pressionar Pitta, as empresas ameaçaram cortar o vale-refeição e a cesta básica dos funcionários. Com isso, os motoristas ameaçaram entrar em greve. Ontem mesmo, houve protestos.
Após a decisão do prefeito, os empresários recuaram no corte do vale-refeição e da cesta básica, e os motoristas desistiram da greve.
Desde junho, quando houve o reajuste salarial dos motoristas, prefeitura e empresários discutiam a questão da remuneração.
Até então, as empresas recebiam R$ 0,85 por passageiro (R$ 0,80 da tarifa mais R$ 0,05 do subsídio).
Com o reajuste salarial de 8%, Pitta aumentou 12,5% a tarifa, que passou a custar R$ 0,90.
Pitta disse que não completaria o valor, mantendo a remuneração em R$ 0,90. Os empresários não aceitaram. Alegaram que o custo é de mais de R$ 1,00 por passageiro.
Ontem, Pitta decidiu pagar às empresas R$ 0,97. Serão os R$ 0,90 da tarifa mais R$ 0,07 de subsídio.
Maurício Lourenço da Cunha, conselheiro do Transurb (sindicato das empresas), disse que o acordo vale por 90 dias. "O aumento dado não resolve a crise do setor. Vamos tentar reduzir os custos para termos uma nova conversa."

Próximo Texto: 'Não cedemos às pressões'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.