São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Pitta dá verba a empresas e evita greve

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Celso Pitta, cedeu às pressões dos empresários de ônibus e aumentou ontem a remuneração paga por passageiro transportado.
O pagamento das empresas é a soma da tarifa (paga pelo passageiro, que não vai ter novo reajuste por enquanto) com o subsídio (bancado pela prefeitura).
Com o aumento, Pitta vai ter de gastar R$ 20 milhões por mês de subsídio para completar o arrecadado nas catracas.
O dinheiro vai sair de outros projetos, mas a prefeitura não informou de quais. Provavelmente do programa de construção de corredores de ônibus. Procurado pela Folha ontem, o secretário das Finanças, José Antonio de Freitas, não ligou de volta.
Derrota
O aumento foi uma derrota política de Celso Pitta, que, em meio à crise de caixa da prefeitura, pretendia acabar com o subsídio do passageiro comum.
Pitta queria manter apenas o subsídio das passagens especiais, como a de estudante, que representavam R$ 8 milhões por mês.
Para pressionar o prefeito, as empresas ameaçaram cortar o vale-refeição e a cesta básica dos funcionários. Como resposta, os motoristas anunciaram uma greve. Ontem mesmo, houve protestos na zona sul de São Paulo.
Após a decisão do prefeito, os empresários recuaram no corte do vale-refeição e da cesta básica, e os motoristas desistiram da greve.
Desde junho, quando houve o reajuste salarial dos motoristas, prefeitura e empresários discutiam a questão da remuneração.
Até então, as empresas recebiam R$ 0,85 por passageiro (R$ 0,80 da tarifa mais R$ 0,05 do subsídio).
Com o reajuste salarial de 8%, Pitta aumentou 12,5% a tarifa, que passou a custar R$ 0,90.
Pitta disse que não completaria o valor, mantendo a remuneração em R$ 0,90. Os empresários não aceitaram. Alegaram que o custo é de mais de R$ 1,00 por passageiro.
Ontem, Pitta recuou e decidiu pagar às empresas de ônibus R$ 0,97. Serão os R$ 0,90 da tarifa mais R$ 0,07 de subsídio.
Maurício Lourenço da Cunha, conselheiro do Transurb (sindicato das empresas), disse que o acordo vale por 90 dias. "O aumento dado não resolve a crise do setor. Vamos tentar reduzir os custos para termos uma nova conversa com o prefeito", disse Cunha.
Os empresários poderão ameaçar, de novo, cortar o vale-refeição e a cesta básica. Eles estão respaldados em uma decisão do ministro corregedor em exercício na presidência TST (Tribunal Superior do Trabalho), Almir Pazzianotto.
O secretário dos Transportes, Carlos de Souza Toledo, diz que não haverá aumento na tarifa.

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