São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997 |
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Homem foge com filhos para o Líbano
WAGNER OLIVEIRA
O menino Bilal Atef Abbas, 3, e o bebê Hamz Atef Abbas, de dez meses, foram levados de Ibitinga (350 km de SP) no último dia 13 de junho pelo pai, que é brasileiro, muçulmano e filho de libaneses. Durante uma festa, Abbas pediu à mulher que o deixasse ir a uma farmácia da cidade com as duas crianças. Ele aproveitou a oportunidade e fugiu com os filhos. Avisada por um primo que acompanhou Abbas até a farmácia, Vagna entrou com pedido de busca e apreensão, aprovado na mesma noite do sequestro pelo juiz Marcelo Matias Pereira. O juiz de Ibitinga determinou que as polícias realizassem bloqueios nas estradas e vigiassem aeroportos e fronteiras para impedir a saída das crianças do país. Desde o dia 13, as crianças não foram mais vistas pela mãe. Abbas conseguiu driblar as barreiras e chegar com as duas crianças até a cidade de Sthura, no Líbano. Casado havia dois anos e meio, o engenheiro morava com a mulher e os dois filhos em São Paulo. Depois de um período de crise conjugal, Vagna voltou para a casa dos pais em Ibitinga e pediu a separação. "Depois de casada me converti para a religião muçulmana. Mas eles têm hábitos muito diferentes de nós brasileiros e logo o casamento começou a desmoronar", disse. Ela não sabia que o marido havia levado as crianças para o Líbano. A mulher achou que a intenção do engenheiro era ficar com os dois filhos por alguns dias e depois devolvê-los. Durante 20 dias, ela fez apelos em programas de televisão e jornais. "Depois da divulgação do caso, parentes do meu marido me procuraram para dizer que ele havia levado as crianças para o Líbano. Deram o telefone onde ele estava e pediram que eu não procurasse mais a imprensa", disse. Vagna ligou para o marido. Ele disse a ela que não iria mais devolver os filhos. Ela gravou as conversas que manteve com o marido. "Esqueça as crianças. Eles estão bem aqui. Você não precisa mais vê-los", diz Abbas, em uma das gravações. Segundo a mãe, o bebê estava no período de amamentação quando foi levado pelo pai. Vagna acabou descobrindo que o marido planejava sequestrar os filhos desde o ano passado. Ela foi informada pelo consulado libanês que Abbas fez o registro do bebê em novembro. Em dezembro, o engenheiro tirou o passaporte dele e em janeiro conseguiu o visto para o bebê. O filho de três anos não tinha passaporte nem registro no consulado. Texto Anterior: Casal é acusado de compra de bebê Próximo Texto: Avô diz que crianças não vão retornar ao Brasil Índice |
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