São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Motoristas bloqueiam vias da zona sul

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bloqueios realizados por motoristas de ônibus nas pontes João Dias e do Socorro (zona sul de São Paulo) paralisaram por mais de duas horas os principais corredores que ligam o centro àquela região da cidade.
Os congestionamentos somaram 47 km de extensão às 9h30 de ontem, recorde da manhã no mês de julho, período de férias e rodízio. O recorde anterior havia sido registrado às 10h do dia 21 de julho -44 km.
Os motoristas queriam a manutenção do pagamento dos vales-refeição pelas empresas de ônibus. Os empresários ameaçavam cortar o benefício caso não recebessem um repasse maior da prefeitura, o que acabou acontecendo.
O bloqueio nas duas pontes começou por volta das 7h e só terminou às 8h52. O trânsito foi piorando gradativamente. A situação só começou a se normalizar por volta das 11h30, duas horas e meia após o fim do protesto.
As principais vias afetadas foram a própria João Dias, avenidas Santo Amaro e Robert Kennedy, estradas do M'Boi Mirim e Itapecerica da Serra, avenidas Morumbi e Giovanni Gronchi e a marginal Pinheiros (sentido Jaguaré-Interlagos).
Os reflexos do bloqueio ainda eram sentidos às 11h na avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi (zona sudoeste), com um congestionamento de cerca de 2 km.
Os trabalhadores que moram na zona sul da cidade foram os mais prejudicados pelo protesto dos motoristas.
Cansadas de esperar uma solução por parte dos motoristas, muitas pessoas resolveram descer dos ônibus, quilômetros antes de seus destinos, e seguiram a pé.
A ponte João Dias se transformou numa passarela de pedestres emburrados e cansados da caminhada.
Na avenida Santo Amaro, os passageiros desciam dos ônibus na altura da estátua de Borba Gato -a seis quilômetros da ponte João Dias- e faziam o restante do trajeto a pé.
O vigia noturno Claudio José de Jesus, 41, que havia saído do trabalho no centro, caminhava, às 10h de ontem, na avenida João Dias em direção a ponte.
Ele desceu do ônibus às 7h30, na avenida Santo Amaro, e seguiria a pé até o Jardim Ângela, bairro da zona sul, onde mora. "Essa manifestação é uma pouca vergonha."
O pintor José Edson Lisboa, 23, estava num ônibus que ficou preso no congestionamento às 8h.
"Desci em frente ao Hospital Campo Limpo (zona sul), atravessei a ponte João Dias e vou até a Capela do Socorro. Onde eu vou trabalhar hoje não tem telefone e não pude avisar o chefe. Posso perder o emprego por causa desse protesto."

Texto Anterior: Prince who?; Babe; "Empty-V"
Próximo Texto: Sem guardas, Paulista vai ser invadida, dizem camelôs
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.