São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Muda comando, mas Proer prossegue

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Gustavo Loyola deixa o Banco Central sem acabar com o Proer, programa que criou para contornar a crise bancária que levou à lona os bancos Nacional e Econômico no final de 1995, e que já gastou cerca de R$ 20 bilhões para financiar a troca de controle acionário de instituições financeiras.
Criado por medida provisória numa madrugada de sábado, logo após intervenção no Nacional, o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e Fortalecimento do Sistema Financeiro) tinha data certa para acabar: 31 de dezembro de 1996.
Passados dois anos do governo Fernando Henrique Cardoso e 14 meses de Proer, o governo considerou que a crise não estava totalmente controlada e decidiu prorrogar a vigência da linha de crédito aos bancos por mais seis meses.
Esperava-se o momento de vender o Bamerindus, que não pode acontecer no ano passado por resistência do senador José Eduardo Andrade Vieira (PTB-PR), amigo do presidente da República que só neste ano aceitou a idéia de deixar de ser banqueiro.
Depois de vendido o Bamerindus ao banco inglês HSBC (Hong-Kong and Shangai Banking Corporation), Loyola fez várias declarações públicas de que o Proer seria extinto.
A idéia era acabar com o programa no último dia 30 de junho, o que não aconteceu, e mais uma vez foi reeditada a medida provisória que garante o socorro.
"Não me sinto obrigado a dizer quão longa será (a duração do Proer). Não será muito longa. É só isso que temos a dizer no momento", afirmou ontem o ministro Pedro Malan (Fazenda).
Amigo de Loyola desde muito antes de sua entrada no governo Fernando Henrique, o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega diz que a saída era esperada, embora não tenha havido motivo de desgaste recente.
Maílson destaca que foi na gestão de Loyola à frente do BC que o Brasil se viu pela primeira vez sob risco de uma crise profunda no sistema bancário.
Loyola arcou com praticamente todo o desgaste político do governo neste período. Foi criticado por políticos da situação quando interveio em bancos como Banespa e Econômico e torpedeado pela oposição ao criar o Proer.

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