São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997 |
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Governo está se adaptando, diz Febraban JULIANA GARÇON JULIANA GARÇON; MAURO TEIXEIRA
O presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos), Roberto Setúbal, acredita que a mudança no comando do BC (Banco Central) já havia sido decidida há algum tempo pelo governo, que teria apenas esperado um momento oportuno para divulgá-la. Setúbal vê a mudança como uma adaptação do governo à conjuntura vivida pelo sistema financeiro, não como uma mudança de rumo. "Acredito que a política cambial não muda nada. A entrada de Gustavo Franco só reforça a política atual." Para ele, Gustavo Loyola, funcionário de carreira do Banco Central e grande conhecedor do sistema bancário, se enquadrou bem no cargo de presidente durante a reformulação do sistema, quando houve diversas fusões e compras de instituições. "Basta dizer que ele assumiu o BC pouco antes da crise no banco Econômico e deixa o governo logo após a solução do Bamerindus." Ainda como atuação positiva de Loyola, Setúbal lembrou a participação do ex-presidente do BC no início do processo de privatização dos bancos estaduais e na capitalização do Banco do Brasil. A fase mais difícil, no entanto, já está superada, na opinião de Roberto Setúbal. "O sistema bancário foi saneado e está sólido." Por isso, o governo estaria abrindo mão da experiência de Loyola pela visão macroeconômica e pela atuação mais política de Franco. "O Gustavo Franco é mais voltado para a formulação de políticas macroeconômicas. Possivelmente, para a etapa em que estamos é mais adequado. Além disso, é bem mais representativo em política econômica, monetária e cambial." Como não acredita que haverá mudanças na linha de atuação do Banco Central, Setúbal prevê reação calma dos bancos à notícia. "A mudança visa continuidade da política econômica. O mercado deve receber a notícia com tranquilidade." Força do presidente Para o presidente do banco Pactual, Luiz Cézar Fernandes, a troca de comando no BC não vai provocar alterações no cenário econômico. Na sua avaliação, a indicação de Gustavo Franco é uma prova de força do presidente Fernando Henrique Cardoso. "Ele (FHC) já tinha afirmado diversas vezes que as políticas econômica e cambial eram dele e somente dele. Agora, está demonstrando isso, ao colocar Gustavo Franco no BC. O presidente 'matou a cobra e mostrou o pau'." O banqueiro acredita que o mercado vai fazer uma excelente "leitura" do episódio e FHC vai ganhar mais credibilidade. Fernandes disse ainda que o nome de Gustavo Franco vai trazer tranquilidade também os investidores estrangeiros. "Ele está fazendo um excelente trabalho no exterior, onde já é conhecido e respeitado. A ida dele para o BC é bastante positiva." O presidente do Pactual disse que a saída de Gustavo Loyola é positiva para o próprio demissionário, já que estaria "saindo de cena" no melhor momento de sua carreira. "Loyola marcou um lindo 'gol de bicicleta', com a reestruturação do sistema financeiro, e pediu sua aposentadoria quando ainda está por cima", resumiu Fernandes. Na sua opinião, o ex-presidente do BC mostrou competência ao sair "incólume" de um dos momentos mais críticos da história econômica do país, que foi a crise do sistema bancário. Texto Anterior: REPERCUSSÃO Próximo Texto: REPERCUSSÃO Índice |
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