São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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REPERCUSSÃO

DA REDAÇÃO

A troca no comando do Banco Central não deve alterar a atual política econômica adotada pelo governo, segundo a maioria dos empresários, membros da equipe econômica, economistas e sindicalistas ouvidos pela Folha. Veja a seguir a opinião dessas pessoas:
Luiz Fernando Furlan, diretor do Departamento de Comércio Exterior da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo): "O Gustavo Franco tem demonstrado ser mais arrojado. Com ele, o BC pode assumir uma posição de mais independência, com um endurecimento em relação aos Estados e às contas públicas. Pode haver uma rigidez maior na liberação de recursos e um combate mais eficaz ao déficit público".

Maílson da Nóbrega, economista e ex-ministro da Fazenda: "Acho que não vai mudar nada no cenário econômico. A saída de Gustavo Loyola é uma perda muito grande para o governo. Ele foi um elemento-chave na primeira grande crise bancária do país. Com seriedade e competência, criou e conduziu o Proer (programa de socorro aos bancos), que evitou um desastre na crise das instituições. A ida de Gustavo Franco é natural e sinaliza de que lado está o presidente, que reafirma os rumos da política econômica".

Antonio Kandir, ministro do Planejamento: "Quando entrei no governo, em julho de 1996, já havia essa conversa de que o Loyola sairia por motivos pessoais. Eu disse, então, ao presidente que, de todos nós da equipe econômica, ele é quem tinha mais conhecimento das instituições financeiras e que ele não deveria sair em meio a uma transição no sistema. Concluídos os processos do Nacional, do Econômico e do Bamerindus, a rigor, ele já estava em condição de sair. Mas faltava a conclusão da CPI dos Precatórios. A entrada do Gustavo Franco sinaliza que a política cambial não muda, o que é oportuno no contexto internacional".

Boris Tabacof, diretor titular do Departamento de Economia da Fiesp: "A mudança na presidência do Banco Central não só consagra como também reforça as idéias de Gustavo Franco. Terá repercussão positiva no mercado internacional, porque significa a manutenção da estabilidade e a continuidade da política cambial, sem mudanças drásticas na taxa de câmbio, como sustentáculo do Plano Real".

Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da Silex Trading: "Não acho que a saída de Loyola era esperada, mas é óbvio que ele deve estar exausto. Quanto a Gustavo Franco, ele sempre foi uma espécie de 'Maquiavel' do Banco Central. Ele trabalha muito, umas 18 horas por dia. Mas me preocupam um pouco certas idéias obsessivas dele... É inegável, porém, que tem carisma e capacidade".

Marcus Vinicius Pratini de Moraes , presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil): "A troca de Gustavo Loyola por Gustavo Franco na presidência do BC foi a reafirmação da permanência da política atual. A grande expectativa do mercado é que o governo consiga desonerar as exportações dos tributos e custos portuários e que também consiga reduzir o custo do dinheiro necessário aos investimentos do setor exportador ".

Horácio Lafer Piva, vice-presidente da Fiesp: "Não fiquei surpreso com a mudança. Faz tempo que Gustavo Loyola estava querendo sair. A ascensão de Gustavo Franco era algo natural, em função do espaço que vinha ganhando dentro do BC. Franco significa continuidade e que o BC vai ser menos 'low profile'. Ele é um homem de opinião forte".

Paul Singer, economista: "É a troca de seis por meia dúzia na presidência do BC. A atual política cambial é criticável, mas não acredito em mudanças".

Luiz Gonzaga Belluzzo, economista: "A troca de presidente do Banco Central não muda nada na economia. O Gustavo Loyola decidia pouco em matéria de política econômica. Tudo aponta para a mesma política de câmbio e de taxa de juros. Com a nomeação de Gustavo Franco, o presidente Fernando Henrique Cardoso está dando um sinal claro para o mercado internacional de que tudo fica como está. O eixo central da política econômica continua sendo a política cambial".

Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo: "Loyola foi importante para conduzir a política econômica e cambial. A indicação de Gustavo Franco é sinal que não muda nada nessa política, que haverá continuidade da política monetária e cambial. Isso é bom. Sinaliza que o Brasil tem um projeto de longo prazo, o que estimula os investimentos estrangeiros no país. A indicação de Gustavo Franco, na verdade, tranquiliza o mercado" .

Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação): "Acho que o governo está mostrando coerência com o que fala. O importante é que quem assume é competente e está seguindo os comandantes da economia. A entrada de Gustavo Franco mostra que o governo coloca na direção da economia gente que está afinada com a equipe. Não deve haver desvalorização do real".

Sérgio Haberfeld, presidente da Associação Brasileira de Embalagem: "O Gustavo que sai fez um bom trabalho na administração do Proer e não deixou que o mercado entrasse em pânico com a crise bancária. O Franco tem personalidade mais forte e deverá dar mais independência ao BC, que será menos afetado por pressões de políticos. Como estamos em período de desaquecimento econômico, é bom ter um homem firme na presidência do BC".

Paulo Feijó, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados): "Já houve essa tendência de mudança em março. Ela traz credibilidade, interna e externa. Não vejo perda nenhuma na troca, pois o Franco tem demonstrado muita competência. Ele defende a política monetária, que é o astro do Real".

Roberto Macedo, presidente da Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos): "Acho que é um caso de fadiga pessoal. O Loyola estava desgastado com o Proer, cansado, esperando para sair. O Franco é tido como guardião da política cambial. É uma troca de pessoas sem indicação de alteração na política econômica".

Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT): "Não vejo motivo para ânimo com a entrada do Gustavo Franco na presidência do Banco Central. Ele é mais próximo do presidente Fernando Henrique Cardoso e diz aquilo que o presidente gostaria de dizer e não fala. É uma espécie de Sérgio Motta da economia. O Gustavo Franco ou qualquer outro são instrumentos do governo".

Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical: "A mudança na presidência do Banco Central demonstra coerência do governo federal. Gustavo Franco é um dos principais mentores da política econômica. O que me preocupa é se a mudança não acentuará ainda mais o desemprego. Franco é mais ortodoxo do que o Loyola. Por ele, a abertura comercial seria ainda maior. A preocupação do Gustavo Franco com o social é pequena, mas a sua indicação não deixa de ser um sinal de coerência do governo".

Ricardo Yazbek, presidente do Secovi-SP (sindicato de imobiliárias e construtoras de São Paulo): "Gustavo Loyola prestou um grande serviço para a consolidação do Plano Real. Na sua gestão, o BC teve uma excelente sinergia com a equipe econômica. O triunvirato Banco Central-Fazenda-Planejamento esteve sempre afinado. A rápida indicação de Gustavo Franco para substituí-lo trará tranquilidade durante esse período tão sensível de transição. Franco é um colaborador bastante próximo e da confiança de Fernando Henrique, que indica que o mercado deve ficar tranquilo".

Eduardo Zaidan, vice-presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo): "A política monetária não muda. Gustavo Franco está afinado com o Malan e a orientação que prevalece é a do ministro da Fazenda. Franco é um membro da equipe econômica muito ouvido e vai continuar a ser".

Ricardo Berzoini, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo: "O Gustavo loyola tinha mais sensibilidade para ouvir opiniões divergentes. Franco é mais ortodoxo. A política do BC em relação aos bancos estaduais e federais continua a mesma".

Sérgio Magalhães, presidente da Abimaq (Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas): "Acho o Loyola melhor, pois ele conhece o BC há muito tempo, conhece bem as normas. O Franco tem uma posição política muito forte e é bastante contestado, dentro e fora do governo -vão bater mais que no Loyola. O BC vai ficar mais visível. Ele deveria ficar na retaguarda. Por outro lado, mostra o pulso firme do presidente, já que o Franco é um homem dele".

Cesar Maia , economista e ex-prefeito do Rio: "É o primeiro reflexo das declarações do ministro Sérgio Motta. Não sei o motivo da saída do Loyola. Há muito tempo ele manifestava o desejo de sair, há um ano, um ano e meio.
Mas a ascensão do Gustavo Franco é uma resposta clara para o mercado de que prevalecerá a atual política econômica. É um elemento que vai gerar muita estabilidade no mercado. O mercado estava muito tumultuado com as declarações do Sérgio Motta contra o Pedro Malan. A nomeação do Gustavo Franco resolve a questão".

Joseph Couri, presidente do Simpi (Sindicato da Média e Pequena Indústria): "Saiu um homem competente e entrou outro. Aguardarei as medidas para criticar ou elogiar".

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