São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Franco fortalece atual política econômica

VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nomeação do diretor Gustavo Franco (Assuntos Internacionais) para a presidência do Banco Central, no lugar de Gustavo Loyola, é uma sinalização do presidente Fernando Henrique Cardoso de que a atual política econômica não sofrerá modificações.
Com a indicação de Franco, sai fortalecido o ministro da Fazenda, Pedro Malan, que na semana passada reclamou junto ao presidente FHC das críticas do ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
Perdem o ministro Sérgio Motta e o senador José Serra (PSDB-SP), críticos da atual política cambial. Os dois defendem mudanças na política econômica.
A mudança no comando do BC ocorre logo depois de duas manifestações públicas de Motta contra integrantes da atual equipe econômica, o que pesou na decisão de nomear Franco para o posto.
Alvos
O primeiro alvo de Motta foi exatamente o novo presidente do BC. Há duas semanas, o ministro disse que "a crise mostra que Gustavo Franco está errado".
Motta se referia à crise cambial nos países asiáticos e procurava defender sua posição favorável à destinação de recursos da privatização para programas sociais.
O ministro perdeu a batalha e foi desautorizado pelo presidente FHC. Durante entrevista no Palácio do Planalto, o porta-voz Sergio Amaral disse que o presidente havia decidido destinar os recursos da privatização para o abatimento da dívida pública, posição defendida por Franco.
Na ocasião, Amaral errou o cargo do diretor de Assuntos Internacionais, o que hoje pode até ser considerado como um ato falho.
"O presidente tem confiança no presidente do Banco Central", disse o porta-voz, ao manifestar apoio a Gustavo Franco.
Na semana passada, o alvo de Motta foi o ministro Pedro Malan. Em entrevista à revista "Veja", o ministro disse que o ministro Malan quase não fala nas reuniões da equipe econômica, insinuando que ele não comanda a política econômica.
O nome do substituto de Gustavo Loyola era discutido internamente no governo há muito tempo, devido a suas constantes ameaças de pedido de demissão.
Nomes
No início deste ano, o nome mais forte para substituir Loyola era o do diretor de Política Monetária, Francisco Lopes. Em segundo lugar aparecia o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros.
Motta e Serra defendiam a indicação do amigo e presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômica e Social), Luiz Carlos Mendonça de Barros.
Assessores de Malan informavam ontem que as críticas de Motta acabaram fortalecendo o nome de Gustavo Franco. Nomear outro diretor para a presidência do BC nesse momento poderia passar a impressão ao mercado financeiro de que a política cambial poderia sofrer correções.
Além das últimas desavenças com Sérgio Motta, Gustavo Franco travou uma disputa com o senador José Serra quando ele comandava o Ministério do Planejamento. Serra acabou perdendo a disputa com o diretor do BC.
Nos bastidores, os dois não poupam críticas mútuas. Eles nem se falam.

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