São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Malan diz que Loyola deu motivos pessoais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) anunciou ontem a demissão do presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, e sua substituição pelo atual diretor de Assuntos Internacionais da instituição, Gustavo Franco.
Malan disse que Loyola deixou o cargo por motivos "estritamente pessoais" e porque considera comprida a sua principal missão no BC: a modelagem e condução do processo de reestruturação do sistema financeiro.
Loyola permanece no cargo até que o Senado aprove a indicação de Gustavo Franco para sucedê-lo. Ainda não está definido o nome de quem ocupará a vaga que será aberta na Diretoria de Assuntos Internacionais.
Loyola não quis dizer quais são os motivos pessoais que levaram à sua demissão. "Se eu revelar os motivos, eles deixam de ser pessoais", afirmou.
Política cambial
O ministro da Fazenda negou que a condução do Franco à presidência do Banco Central abra espaço para que a política externa do país seja alterada pela pessoa que vier a ocupar a Diretoria de Assuntos Internacionais.
"Não haverá qualquer mudança na política cambial, seja quem quer que ocupe o cargo", disse Malan. Ele afirmou que vai discutir com a direção do Banco Central a indicação do nome que vai suceder Franco.
O ministro se recusou a falar sobre possíveis sucessores na diretoria. "É prematuro. Vamos falar com franqueza. É uma absoluta perda de tempo especular sobre se quem vai substituir Franco vai manter a política cambial. Não vamos perder tempo com bobagens."
O diretor de Assuntos Internacionais é considerado o maior defensor, dentro do governo, da atual política econômica.
Por essa política, os resultados negativos nas contas externas (importações menos exportações, pagamento de juros e gastos com turismo internacional, entre outros) são vistos como normais no processo de estabilização.
Não comprometeriam o Plano Real, caso haja financiamento externo para os rombos nas contas com o exterior. E Franco entende que esse financiamento vai continuar.
"Perda irreparável"
Loyola permaneceu por pouco mais de dois anos no cargo e, segundo Malan, sua saída é uma "perda irreparável" dentro da equipe econômica.
"Essa perda é parcialmente compensada porque o nome indicado desempenhou papel-chave no desenho e condução do Plano Real", disse Malan.
Loyola disse que ainda não sabe se vai retornar à iniciativa privada. "Não tenho planos para o futuro e pretendo descansar um pouco", disse.
Consultoria
Antes de ocupar a presidência do Banco Central, Loyola trabalhava com o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega na MCM Consultoria, em São Paulo.
Loyola disse que, depois do descanso, vai continuar a "colaborar" com o governo no programa de reestruturação do sistema financeiro. Segundo ele, a reformulação ainda não está finalizada e é necessário regulamentar o artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro.
O relatório já foi apresentado pelo deputado Saulo Queiroz (PFL-MS) na comissão especial que analisa o assunto, mas ainda não foi votado.

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