São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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Ieltsin passa controle de empresa a premiê

Jornais apontam irregularidades

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente russo, Boris Ieltsin, transferiu a Viktor Tchernomirdin, primeiro-ministro, o controle dos contratos estrangeiros da empresa estatal de exportação de armas Rosvoorujenie.
Os jornais acusam a empresa de vender armas ilegalmente e de desviar dinheiro para a campanha de reeleição de Ieltsin de 1996.
O decreto remove alguns entraves burocráticos e transfere "muitos assuntos" para as mãos de Tchernomirdin, afirmou um porta-voz da empresa.
A empresa controla 95% das exportações de armas russas. Empresas privadas se queixam do virtual monopólio estatal e das táticas agressivas da Rosvoorujenie contra os rivais domésticos.
A Rosvoorujenie nega as acusações e acusa a competição doméstica e estrangeira de tentar cercear novos contratos.
A Rússia ocupou o segundo lugar em exportações de armas em 1996, atrás apenas dos EUA.
Em 1996, as vendas totalizaram mais de US$ 3 bilhões. Os contratos de 1997 já assinados totalizam US$ 7 bilhões e podem chegar a US$ 9 bilhões até o final do ano, segundo a agência "Interfax".
Guerra com a imprensa
As críticas ao governo de Boris Ieltsin não se limitam à suas decisões sobre o destino da ainda estatal Rosvoorujenie. Ontem, diversos meios de comunicação atacaram importantes autoridades do governo acusando-as de irregularidades no processo de privatização de um quarto da companhia estatal telefônica.
O reformista Boris Nemtsov, vice-premiê, foi um dos principais alvos dos ataques, que partem de empresas de comunicação que apoiaram a campanha de reeleição de Ieltsin.
O governo do presidente é acusado de favorecer essas empresas.
Ontem, Nemtsov disse que o governo não se submeteria mais aos empresários. O vice-premiê previu que seria pressionado. "Eles nos combaterão com tudo o que têm", afirmou.

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