São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
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SINAL MUITO FRANCO

A elevação de Gustavo Franco à presidência do Banco Central foi um gesto de reafirmação da política cambial em vigor. Afinal, o ex-diretor da Área Externa do BC é, dentre todos os assessores econômicos do Executivo, o que mais enfaticamente tem se posicionado contra uma desvalorização do real.
Vista sob esse aspecto, a escolha do substituto de Gustavo Loyola seria até previsível. O Brasil vem registrando déficits crescentes nas contas externas. A eclosão da crise cambial no Sudeste Asiático, há poucas semanas, tornou mais visíveis as dificuldades para sustentar indefinidamente esse tipo de desequilíbrio. E o nervosismo nos mercados fez com que as Bolsas sofressem violentas oscilações nos últimos dias.
Nessa conjuntura, era preciso evitar que a troca na presidência do BC causasse mais turbulência. À incerteza que naturalmente envolve mudanças na direção do órgão que controla juros, crédito e taxa de câmbio, era preciso contrapor uma sinalização clara de que a administração federal pretende manter as políticas atuais. A indicação de qualquer outro nome poderia ser entendida como sinal de que alguma mudança de vulto poderia estar em curso.
É claro que a nomeação tem também significado político. Saem fortalecidos, por assim dizer, os grupos mais liberais dentro do governo. O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o próprio Gustavo Franco são justamente os economistas que o ministro Sérgio Motta atacara em seus recentes arroubos verbais.
O titular das Comunicações, em meio à farta distribuição de críticas, pregava que se associasse o combate à inflação a um projeto de crescimento. O presidente reafirmou ontem a tese do real forte e da prioridade à estabilização.

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