São Paulo, quarta-feira, 30 de julho de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A prostituição legal

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Com um atraso que já é a sua marca, a Câmara dos Deputados deu início ao debate sobre um tema para lá de polêmico: a regulamentação da prostituição no país.
O autor do projeto que propõe a legalização da prostituição, apresentado na semana passada, é o deputado malufista Wigberto Tartuce (PPB-DF), um famoso radialista do Centro-Oeste, mais conhecido em Brasília pelo apelido Wigão (pronuncia-se "vigão").
"Eu estive com prostitutas quando era jovem. Peguei doenças simples e me curei com antibióticos. Tive sorte porque naquela época não havia Aids", diz Wigão, que tem 50 anos, é casado há 26 e tem três filhos.
Para o deputado, se o seu projeto for transformado em lei, "as prostitutas e os prostitutos poderão receber orientação sexual e tratamento preventivo nos centros públicos de saúde de cada cidade". Isso, palpita Wigão, reduziria os riscos de transmissão de doenças.
"Sobre prostituição, só há duas coisas a fazer: tentar coibir ou legalizar. Coibir, como todos sabem, não adianta nada. Então, eu estou tomando a iniciativa de iniciar o debate sobre a legalização", diz Wigão.
No caso de virar lei, esse projeto prevê que apenas quem for maior de 18 anos poderá se prostituir. Isso leva Wigão a dizer que a prostituição infantil estaria sendo coibida -o que é uma conclusão apressada, no mínimo.
É difícil tomar posição sobre a legalização da prostituição no Brasil.
Mas não há como negar que é uma discussão relevante. E que o deputado tem razão quando afirma que se trata de um problema "de fato".
Pelo sim ou pelo não, vale dizer que um país só se moderniza quando enfrenta para valer suas mazelas.
O projeto ainda vai amargar uma longa tramitação no Congresso. Nesse período, Wigão deseja receber sugestões.
E oferece o fax de seu gabinete para os interessados: (061) 318-2645.
*
Agosto, mês aziago para muitos, será doce para os leitores deste espaço às segundas, quartas e sábados: estarei em férias. Até a volta.

Texto Anterior: As mãos e a obra
Próximo Texto: Bom assunto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.