São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 1997
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Qual é o tamanho do negócio futebol?

MATINAS SUZUKI JR.
DO CONSELHO EDITORIAL

Meus amigos, meus inimigos, minha querida Ribeirão Preto debate a fusão entre os dois tradicionais times locais, o tricolor Botafogo (a Pantera) e o alvinegro Comercial (o Leão).
Segundo pesquisa divulgada pela revista "Revide", a idéia de se criar o Come-Fogo Futebol Clube ou o Ribeirão Preto Futebol Clube tem maioria (45,3%), embora o contingente de pessoas contrárias à fusão seja expressivo (34%).
A idéia da fusão esbarra, naturalmente, na grande tradição de rivalidade entre os dois clubes -mas também nos interesses de alguns cartolas que retiram dos times algum prestígio e poder local.
A modernização do futebol brasileiro passará pela redução do número de clubes.
Não há mercado para tanto time disputando tantos campeonatos. Nessa estrutura, será difícil que os clubes do interior, salvo raras exceções, não acumulem anos sucessivos de fracassos financeiros.
A fusão é uma idéia ótima, que defendo há muito tempo.
Mas ela não será suficiente para resolver as questões financeiras do novo time que nascerá. Será fundamental que ele já surja com uma estrutura administrativa moderna e profissionalizada.
Que ele já nasça como uma empresa, com estratégia de longo prazo (investindo na formação de atletas, principalmente), para que o Ribeirão Preto FC vire uma força do futebol capaz de ingressar na primeira divisão nacional.
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Jogadores argentinos estão em greve pelo direito de jogar futebol de seis companheiros.
Há uma tradição de sindicalismo no futebol argentino que não existe no Brasil.
As greves no futebol argentino são tão importantes que muitas delas só se resolveram com mediações do próprio presidente da República.
O sindicalismo anda sem muito cartaz nesses tempos de radical liberalismo econômico, mas não há dúvida que a baixa conscientização dos direitos coletivos é uma das responsáveis pela péssima situação profissional do jogador brasileiro.
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Dois grandes jogadores europeus, que escreveram a história da posição de líbero a seu modo, Franco Baresi e Ronald Koeman, não estarão nos campos na próxima temporada.
Penduraram as respectivas (e abençoadas) chuteiras.
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Por falar na saída de Baresi, correm rumores que "il diavolo", o técnico Fabio Capello, pretende acabar com uma das mais famosas linhas de quatro zagueiros de todos os tempos, que, criada por Arrigo Sacchi, marcou a história do Milan dos anos 80 para cá.
Dizem que intenção do vitorioso Capello é implantar o 3-5-2 na equipe milanesa.
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O britânico "Financial Times" pergunta qual o tamanho do negócio futebol.
E responde: "O autoproclamado 'jogo mundial' é o mais popular esporte na terra, e até países previamente futfóbicos como os EUA e a China estão sendo vencidos. A Fifa estima que o esporte gere US$ 200 bilhões em atividades econômicas a cada ano".

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