São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 1997
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Fotógrafo inverteu a perspectiva

EDER CHIODETTO
DA REDAÇÃO

Rodchenko ditou de forma tão incisiva a vanguarda estética no início do século que até hoje seu trabalho serve de diretriz para muitos fotógrafos que se dedicam ao fotojornalismo e a portraits.
Rodchenko é um dos maiores fotógrafos da história, apesar da política, e não por causa dela. Sua melhor fase ocorreu antes de ser cooptado pela propaganda stalinista, quando sua preocupação era mais formal que política.
Mas qual foi a grande sacada dele? Invertendo a lógica da pintura, que geralmente observava o mundo a partir do centro do objeto, ele quebrou essa camisa-de-força da perspectiva e passou a retratar o mundo, o novo mundo na sua concepção, posicionando sua câmera de baixo para cima e de cima para baixo, usando as diagonais e criando novos pontos de fuga.
Rompeu com a formalidade que a fotografia havia emprestado da pintura clássica. Para Rodchenko, não interessava documentar uma cena, mas interpretá-la.
"Os pintores continuaram fazendo a velha árvore a partir do umbigo. Logo os fotógrafos os seguiram. Quando apresento uma árvore tomada de baixo, como um objeto industrial -tal como uma chaminé-, isso cria uma revolução nos olhos do filisteu e do apreciador de paisagens. Desse modo, estou ampliando nossa concepção do objeto corriqueiro, cotidiano."
Rodchenko é a prova cabal de que tudo o que havia para ser descoberto como signo representativo pela angulação da perspectiva foi descoberto até os anos 50. De lá para cá, surgiram bons e maus seguidores. Mas apenas seguidores.
(EC)

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