São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 1997
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"Êxtase" vê as drogas na classe média

PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O uso das drogas e o que elas fazem, ou podem fazer, aos usuários são os assuntos abordados na peça "Êxtase", de Walcyr Carrasco, o roteirista da novela "Xica da Silva", que estréia hoje no Studio 184.
"É um tema que é sempre abordado com pudor, com falso moralismo. As campanhas contra as drogas usam sempre metáforas. Mas é uma coisa que está acontecendo muito na nossa sociedade, no Brasil de agora", diz Mariana Suzá, que faz a sua estréia na direção com a montagem de "Êxtase".
Suzá diz que a peça não é direcionada apenas a quem possa se tornar usuário ou a quem tenha amigos dependentes, mas também a quem convive diariamente com usuários, como pais.
"Eu tenho um filho. Para fazê-lo acreditar que vale a pena ser honesto, trabalhador e não consumir drogas é muito difícil, porque tudo à nossa volta diz o contrário. A questão das drogas é muito importante, deve ser abordada sem que o tema seja escamoteado", diz.
Para a diretora, essa é uma peça que se apóia na interpretação dos atores. "O texto é muito bom, não acho que seja um espetáculo para que sejam colocados efeitos especiais ou coisas do gênero. O mais importante é o desempenho dos atores, pois estamos falando de seres humanos."
Texto
A peça, primeiro drama teatral de Walcyr Carrasco, mostra dois amigos que moram juntos e são viciados em drogas pesadas.
Felipe, filho de um casal de classe média, é um estudante em crise consigo mesmo que usa narcóticos como escape. Seu amigo Raul, mais aprofundado no mundo das drogas, age como um avião (intermediário na transação de tóxicos).
No aniversário de Felipe, os amigos chamam a mãe do rapaz, Camila, para a casa deles, para tentarem conseguir dinheiro com ela -eles devem para traficantes.
Raul dá a Camila um bolo recheado com maconha e ecstasy, fazendo com que ela fique alterada durante algumas horas.
A peça termina com um confronto entre a mãe e o filho, com ambos defendendo suas visões sobre a vida -e sobre as drogas.
"A mensagem da peça é a seguinte: nós não somos contra e nem a favor. Queremos que cada um veja o que pode acontecer e tire a sua própria conclusão. Essa é a única solução", diz a diretora.

Peça: Êxtase
Texto: Walcyr Carrasco
Com: Tânia Sekler, Caio Blat e Márcio Mehiel
Direção: Mariana Suzá
Quando: a partir de hoje, de quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 20h
Onde: teatro Studio 184 (pça. Roosevelt, 184, tel. 255-6153)
Quanto: R$ 10 e R$ 20

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