São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 1997
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Educação em saúde

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Volta e meia, aparecem pesquisas sobre o desempenho de profissões e o resultado não costuma ser favorável aos jornalistas. Não apenas quanto à credibilidade, mas quanto à utilidade do ofício.
Volta e meia, também, procuro refletir sobre as oportunidades que perdi em ser realmente útil já não digo à sociedade como um todo, mas a uma causa.
Tive motivos de sobra para pensar sobre isso quando li o livro de Claudia Werneck, uma jornalista como tantas outras, que um dia foi designada para fazer matéria sobre deficientes físicos, especificamente sobre portadores da síndrome de Down, que não faz tempo eram considerados "excepcionais".
O lado profissional da jovem repórter foi superado pela condição humana e ela caiu de ponta-cabeça no tema. Fez do assunto uma razão de vida e estudo. Publicou livros, tornou-se uma apóstola e cruzada, viajou pelo mundo em busca de informações, é hoje uma autoridade no setor.
Da mesma maneira que se pode descrever o mundo a partir de uma aldeia, Claudia analisa a educação em geral a partir da rotineira e eventualmente caridosa exclusão com que tratamos os deficientes físicos. Ela penetra na sociedade inclusiva, relaciona os movimentos existentes.
Numa época em que a exclusão socioeconômica tende a ser o produto final da nação neoliberal e globalizada, é estimulante a abordagem da escola inclusiva feita por Claudia Werneck em seu último livro, "Ninguém Mais Vai Ser Bonzinho".
Dez por cento da raça humana é de pessoas deficientes -o dado é da Organização Mundial de Saúde. Segundo Claudia, um terço dessas deficiências poderiam ser evitadas com medidas simples no âmbito da educação em saúde.
Importante também é o seu questionamento da mídia quanto ao problema. Na sociedade inclusiva ninguém será bonzinho: todos terão de ser responsáveis.

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