São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Vacinação não era necessária, diz CVE

MALU GASPAR
DA REPORTAGEM LOCAL

O diretor técnico do CVE, Cássio de Moraes, discorda da OMS quanto à necessidade de ter sido feita a campanha indiscriminada de vacinação em 95.
A vacinação indiscriminada é recomendada sempre que a população de crianças de até 5 anos suscetíveis à doença for equivalente ou próxima à de crianças nascidas no ano. No Estado, segundo o CVE, isso ocorre a cada quatro ou cinco anos.
O diretor do CVE afirma que houve campanhas de vacinação assim em 1987 e em 1992. "O argumento está correto, mas a data, errada. Independentemente do surto, pelos nossos cálculos, só deveríamos fazer a campanha neste ano", diz.
Moraes diz que os cálculos do CVE indicam que, em 95, a população de crianças suscetíveis à doença ainda não indicava a necessidade da campanha.
Para o CVE, a provável causa da epidemia foi a falta de vacinas em alguns meses de 96, que pode ter levado muitas mães a não completar a vacinação dos filhos.
O boletim do OMS diz que o esquema de vacinação do CVE foi inadequado, possibilitando, junto com outros fatores, o aparecimento da epidemia.
"O que está insuficiente é o número de crianças imunizadas, e não o esquema de vacinação", diz o diretor do CVE.
Em 16 de agosto, o órgão vai vacinar contra o sarampo crianças com até 5 anos, mesmo que já tenham sido vacinadas.
O CVE admite que seu cálculo de cobertura vacinal está defasado em relação ao número real de crianças.
"Para os cálculos oficiais, temos que trabalhar com dados do IBGE ou do Seade, usados pelo Ministério da Saúde e pelo governo do Estado. Esses dados chegam para nós com defasagem", diz Moraes.
Segundo ele, baseado nesses dados, o CVE calcula a defasagem da vacina e faz estimativas para compra de doses e a cobertura vacinal da população. A defasagem é percebida pelos números de outras campanhas, como as de vacinação contra a tuberculose.
Já chegou a ser registrado, numa dessas campanhas, o índice de 120% de vacinação de crianças numa determinada faixa etária. Como ninguém é vacinado duas vezes, conclui-se que a estimativa populacional estava errada.
O CVE, assim como a OMS, não acha necessário vacinar adultos, embora eles sejam uma população bastante atingida pela doença.
Segundo o órgão, a imunização de crianças, consideradas agentes transmissores da doença, é mais importante que a de adultos.
Os adultos só são vacinados em casos de bloqueio -contato direto como um suspeito de ter sarampo- e de profissionais da saúde.

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