São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Golden Cross tem dívida de R$ 30 mi

Empresa deve a médicos e instituições

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Golden Cross, uma das maiores empresas de seguro-saúde do Brasil (2,5 milhões de segurados), está devendo cerca de R$ 30 milhões a médicos e instituições conveniadas em todo o Brasil.
Por conta da falta de pagamentos, médicos do Rio estão exigindo que os clientes segurados da empresa façam seus pagamentos no ato da consulta.
A Associação de Clínicas e Consultórios Ortopédicos do Rio de Janeiro, que congrega 140 clínicas e consultórios, distribuiu nota ontem afirmando que a Golden Cross deve R$ 1,8 milhão a seus associados, com até quatro meses de atraso, e que a partir de hoje eles exigirão pagamento à vista dos segurados. Por esse sistema de cobrança, o segurado é obrigado a buscar, depois do atendimento, o reembolso pela seguradora.
O diretor técnico da Golden Cross, Mário Amadei, disse que a empresa enfrenta "dificuldades em alguns pontos", mas que foram tomadas medidas para que os problemas sejam resolvidos em um prazo entre 15 e 30 dias.
Ele disse que os atrasos são de até três meses com hospitais e clínicas e de, no máximo, dois meses com médicos. De acordo com Amadei, a Golden Cross é uma empresa "solvente" e seus problemas decorrem de uma momentânea "dificuldade de fluxo de caixa".
Ela seria decorrente de defasagens nas mensalidades dos segurados que deverão ser realinhadas a partir deste mês.
A questão entre os médicos do Rio e a Golden Cross tem como pomo da discórdia o valor pago pela seguradora por consulta. A seguradora queria pagar R$ 17,10, enquanto o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) recomendou que os médicos cobrem R$ 30,00.
Mário Amadei disse que anteontem a direção da Golden Cross chegou a um valor de R$ 24,30 por consulta e que esse valor está no mesmo patamar pago pelas principais seguradoras do mercado.
Com essa decisão e com a disposição de pagar os atrasados em até 30 dias, Amadei disse esperar que a situação se normalize.
A Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão responsável pela fiscalização do mercado segurador, concluiu que as reservas técnicas da Golden Cross para atendimento dos seus compromissos não estão enquadradas nas normas vigentes.
O órgão deverá dar um prazo de 90 dias para que o enquadramento seja feito. De acordo com a assessoria de imprensa da Golden Cross, foi a própria empresa que sugeriu à Susep esse prazo para que seja feito o enquadramento.
A medida, segundo a assessoria, estaria relacionada com a disponibilização imediata de dinheiro (liquidez) para o pagamento de sinistros (acidentes).
No mercado segurador, o comentário corrente é que a solução para a Golden Cross seria a venda da sua seguradora. O principal interessado seria o grupo francês Generalli.
A Golden Cross admite que tem interesse em negociar sua parte de seguros, mas não em vender totalmente a empresa. O grupo desejaria conseguir um parceiro para dividir com ele o controle da seguradora. Essa exigência, segundo informações do mercado, estaria inviabilizando as negociações.

Texto Anterior: Diretor pede austeridade
Próximo Texto: Lucro da CSN cresce 65% no 1º semestre
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.