São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997 |
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'A Sauna' revela Oscarito e Grande Otelo de saias
NELSON DE SÁ
No caso de "As Sereias da Zona Sul", o esquete que vale a peça é "A Sauna", o primeiro. São duas "socialites" desbragadamente afetadas e hipócritas. São racistas, preconceituosas em tudo. O esquete corre e se descobre que, não, elas não foram sempre assim. Têm as suas inseguranças, ciúmes. Mas nada de melodrama, nenhuma se arrepende. Nos momentos mais próximos da morte -ambas são torradas na sauna-, agarram-se às jóias que as queimam, agridem-se uma à outra por mesquinharias. Lembram a amizade na juventude difícil, mas para logo execrá-la. Sem melodrama, é uma comédia de crítica destrutiva dos arrivistas. Uma amostra de que o Miguel Falabella que se costumou ver, inofensivamente cômico, esconde um autor que já foi mais impiedoso. O texto é de dez anos atrás e compõe, com outro esquete de Falabella e mais dois de Vicente Pereira, um espetáculo irregular. Os dois de Pereira beiram o drama, estranhamente sombrios. Em outra circunstância, sem a expectativa cômica, poderiam ser apreciados singularmente. Como humor, frustram. (Um deles, registre-se, traz o mesmo título, "Não se Fuma em Cingapura", do melhor esquete de "5 x Comédia". Mas o texto, do mesmo Pereira, era bem diverso.) É em "A Sauna" que se reconhecem as grandes comediantes que são Rosi Campos e Zezeh Barbosa. Não é novidade; a primeira comandou o sucesso de "Almanaque Brasil", a segunda roubou a cena de "O Mambembe". Juntas, as duas incorporam Oscarito e Grande Otelo. A mesma cumplicidade, como que rindo dos personagens e delas próprias. Expõem-se, arriscam verbal e fisicamente, para compor todo o ridículo das duas canalhas elitistas que elas interpretam. Rosi Campos mais dona de si, racional no humor, sarcástica. Zezeh Barbosa mais descontrolada, "nonsense", e aproveitando subliminarmente a ironia de ser uma personagem preconceituosa interpretada por uma atriz negra. São dela as frases, as "one-liners", de maior efeito da peça. Peça: As Sereias da Zona Sul Onde: teatro Hilton (av. Ipiranga, 165, tel. 011/259-6508) Quando: qui. a sáb., às 21h; dom., às 19h Quanto: R$ 20 (qui., sex. e dom.), R$ 25 (sáb.) Texto Anterior: Quadro de Rubens é restaurado em Madri; Show em Londres terá Clapton e McCartney; MTV pára de produzir "Beavis e Butt-head" Próximo Texto: Breda traz a SP texto de Fernando Abreu Índice |
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