São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Filme apresenta fala regional misturada a sotaque libanês

ESPECIAL PARA A FOLHA

Assim como os diretores, os três atores principais de "Baile Perfumado" também são estreantes em longa-metragem.
Duda Mamberti, que interpreta o libanês Benjamin Abraão, é filho do ator Sérgio Mamberti e atuou em comerciais de TV.
Aramis Trindade, que no filme é o tenente Lindalvo Rosas, foi ator e produtor em diversos curtas pernambucanos. Por sua atuação no "Baile", ganhou o prêmio de melhor coadjuvante no último Festival de Brasília.
Luís Carlos Vasconcelos, que interpreta Lampião, tem uma experiência de 20 anos em teatro, como ator e diretor.
Leia a seguir os depoimentos dos três sobre seus papéis.
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Duda Mamberti - "Minha preparação para o papel teve duas etapas. Na primeira, visitei famílias libanesas que vivem em São Paulo, peguei delas alguns trejeitos e modos de falar.
Fui ajudado por Luís Carlos Arutim, que tinha feito um libanês numa novela.
A segunda etapa já foi em Recife. O cineasta e ator libanês Mounir Maasri foi meu preparador com relação ao sotaque e também me deu muita informação sobre o Líbano e sua cultura.
É ele também que fala os textos em árabe, em 'off', e que dubla a minha fala e a do outro personagem no diálogo final."
Luís Carlos Vasconcelos - "Fiquei com o maior cagaço. Era um desafio muito grande estar representando um mito, ainda mais usando um material que eu não sabia usar: aquelas armas todas, aquele chapéu, aqueles adereços.
Recorri à minha experiência em teatro, que era uma coisa muito física. Me agarrei ao vestuário e ao ambiente.
Aramis Trindade - "Trabalhei também na produção do filme. Eu ia para a cidade, para resolver problemas, chegava de volta, trocava de roupa e emburacava no set.
Como o tenente Lindalvo precisava de um suportezinho de raiva, eu aproveitava aquela irritação com os problemas de produção. Chegava que já chegava virado na serpente.
Não cheguei a morar no sertão, mas meus pais são sócios daquele espetáculo da Paixão de Cristo, em Nova Jerusalém. Eu ia lá todo fim-de-semana. Cresci com aquele teatro sendo construído, cresci ouvindo aquele sotaque, aquela musicalidade.
A pesquisa do Hilton Lacerda (co-roteirista) resgatou expressões da época: 'molofobia do cão', 'bexigalista' etc. A gente também contribuía. Por exemplo, tinha um diálogo no roteiro em que o tenente dizia: 'Mas será possível?'. Eu mudei para: 'Mas será o impussívi?'."

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