São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Israel ameaça invadir área palestina

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Israel disse ontem que vai invadir territórios palestinos para capturar suspeitos de atos terroristas. As declarações despertaram protestos entre os palestinos, que as qualificaram como uma "declaração de guerra".
O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu decidiu que "Israel entrará nas áreas controladas pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), se necessário, para deter terroristas", disse David Bar-Illan, porta-voz do premiê.
As medidas foram decretadas pelo governo de Netanyahu depois do atentado de anteontem, em um mercado no setor judaico de Jerusalém, em que 15 pessoas foram mortas e 170 ficaram feridas.
Segundo a polícia, dois terroristas árabes suicidas detonaram duas cargas explosivas no meio da multidão agrupada no mercado Mahane Yehuda.
O governo israelense, nos últimos dois anos, entregou ao controle palestino sete cidades da Cisjordânia e a quase totalidade da faixa de Gaza. Nessas áreas, a segurança é responsabilidade da ANP.
"A decisão é uma declaração de guerra contra o povo palestino. Em vez de lutar contra o terror, eles decidiram se voltar contra a ANP", afirmou Nabil Abu Rdainah, assessor de Iasser Arafat, presidente da ANP.
Os palestinos protestam também contra o fechamento das fronteiras entre os territórios ocupados e Israel, contra a suspensão das negociações de paz.
O atentado em Jerusalém ocorreu em um momento em que o processo de paz era parcialmente retomado. No início da semana, havia sido anunciado o restabelecimento de comitês de negociação.
Antes da ameaça de invasão israelense, os oficiais de segurança de Israel e da ANP haviam se reunido. O encontro foi o primeiro entre militares israelenses e palestinos desde a suspensão do processo de paz, em março.
Horas depois da reunião, as forças da ANP e de Israel, em suas respectivas áreas de atuação, detiveram dezenas de militantes árabes. Arafat, que declarou estado de emergência nos territórios administrados pelos palestinos, havia se comprometido a intensificar o combate ao terrorismo.
As autoridades da ANP disseram ter detido ao menos dez ativistas de grupos radicais islâmicos em Belém, ao sul de Jerusalém. O Exército de Israel confirmou a prisão de 28 palestinos por "atividades terroristas hostis".
A identidade da maioria dos detidos não foi fornecida, mas o principal alvo das prisões foram membros do grupo terrorista Hamas (Movimento de Resistência Islâmico). Um comunicado atribuído ao grupo, encontrado anteontem em Ramallah, norte da Cisjordânia, reivindicava a autoria do atentado.
O comunicado informava que o ataque em Jerusalém, o pior dos últimos 15 meses, era uma resposta aos cartazes com ofensas ao Islã colados nas ruas de Hebron (Cisjordânia) no final de junho.
Autoridades de Israel, porém, disseram ontem que não têm certeza se o papel achado em Ramallah é autêntico. "O comunicado parecia autêntico, mas não podemos afirmar isso positivamente", disse um oficial israelense.
As identidades dos terrorristas suicidas ainda não foram estabelecidas. Segundo o mesmo oficial de Israel, havia uma "remota possibilidade" de que os ativistas fossem dois jovens da vila de Daharieh, na Cisjordânia. Os dois estão desaparecidos há 15 meses.
As forças israelenses detiveram ontem nove membros das famílias dos supostos terroristas. Eles seriam submetidos a testes que determinarão se os corpos dos ativistas suicidas são os dos jovens.

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