São Paulo, sexta-feira, 1 de agosto de 1997
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Khmer anuncia apoio a premiê deposto

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Khmer Vermelho, a guerrilha de esquerda do Camboja, declarou ontem apoiar o ex-premiê Norodom Ranariddh, deposto no início de julho pelo novo homem forte do país, Hun Sen.
Khieu Samphan, um dos principais líderes da guerrilha, afirmou que seu braço político, o Partido Nacional da Solidariedade, se unirá a outros grupos em oposição a Hun Sen.
"Continuamos a reconhecer Norodom Ranariddh como o premiê legal do país", disse Samphan por meio de uma emissora de rádio do Khmer Vermelho. "Nós nos opomos a qualquer nomeação para o lugar dele", afirmou.
Samphan se referia ao chanceler Ung Huot, indicado por Hun Sen e cuja nomeação será submetida à aprovação do Parlamento.
Entre 1993 e o começo do mês passado, Ranariddh e Hun Sen, apesar de adversários, dividiram o governo, ambos com o cargo de premiê. Mas Hun Sen acusou Ranariddh de estar tentando infiltrar membros do Khmer Vermelho em Phnom Penh, a capital, o que desencadeou o confronto no qual Ranariddh acabou derrubado.
Ranariddh nega estar ligado ao Khmer Vermelho, mas um comandante das tropas leais a ele afirmou recentemente que há possibilidade de aliança militar com a guerrilha.
A emissora de rádio do Khmer Vermelho tem feito ataques regulares a Hun Sen, acusando-o de ser "fantoche" do Vietnã e pedindo resistência ao seu governo.
O Vietnã invadiu o Camboja em 1978 e comandou o país até 1989. Hun Sen é partidário do antigo regime pró-vietnamita.
O Khmer Vermelho teria realizado na última sexta-feira o julgamento do seu ex-líder, Pol Pot, que governou o Camboja entre 1975 e 1979, em um regime que foi responsável pela morte de até 2 milhões de pessoas.
O jornalista norte-americano Nate Thayer, único estrangeiro a assistir ao julgamento, afirmou que a guerrilha teria demonstrado a intenção de fazer alianças dentro e fora do país contra Hun Sen e os "agressores vietnamitas".
Thayer disse que a guerrilha teria firmado acordo com partidários de Ranariddh, que é filho do rei Norodom Sihanouk, no dia 4 de julho.
O rei Sihanouk condenou a violação dos direitos humanos no país e disse temer que a nação seja considerada um "doente" da Ásia, numa carta escrita à organização Repórteres Sem Fronteiras.
A carta foi escrita no dia 26 de julho em Pequim (China), onde Sihanouk faz tratamento médico.

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